segunda-feira, 30 de julho de 2007

O Prato Frio

Eram seis horas da tarde.

Na cozinha de sua casa, cantarolando, a mulher terminava de fazer o jantar.

Arroz, feijão, bife e batata frita especialmente para o seu marido.

Não via a hora de encontrá-lo e jantar com ele.

O tempo passou, e poro fim, a mulher terminara de cozinhar. Olhou no relógio na parede:

- Sete horas. Daqui a pouco ele chega.

Uma pequena pausa. Resolveu sentar no sofá e ver a novela da sete.

Olhou no relógio:

[19:15] [19:30] [19:45] [20:00] [20:15] [20:30]

- Nossa, que demora. Será que aconteceu alguma coisa?

Resolveu ligar no celular dele. O esposo atendeu, em meio a um barulho ensurdecedor. Disse onde estava.

- Como assim está no bar? – perguntou ela. – A janta tá pronta. Tô só esperando você pra jantar.

- Pode jantar sozinha. Depois eu vou.

- Você é um folgado isso sim... parece que não me ama, eu me sacrifico por você e é isso que eu recebo em troca? Blá blá blá... – e ficou se lamentando pelo descaso do marido, citando inclusive que assim que ele chegasse, eles iriam discutir a relação.

Como resposta, sou ouviu esta:

- Tu tu tu tu tu tu...

Tranqüilamente, o marido desligou. Foi bater uma sinuca, reencontrar os amigos, e tomar uma cervejinha bem gelada, e a melhor.

A mulher ficou no sofá, chateada. Resolveu ir jantar sozinha.

Horas depois, meio bêbado, o marido chegou em casa. A mulher já tinha ido dormir.

Foi até a cozinha. As panelas estavam geladas. Resolveu ligar o fogão. Nada. Olhou em volta. Onde estava o botijão de gás? Acordou a mulher para saber.

- O gás acabou. – disse ela. – Você ficou com preguiça de comprar, agora só amanhã.

E resmungando, o marido foi até o fogão, fez um prato com arroz, feijão, bife e batatas quase gelados.

O gosto, simplesmente, estava horrível.

E então, obediente à sua fome, o marido teve de engolir a comida fria, e a seco: também não havia suco ou refrigerante. Haviam acabado.

Enquanto isso, a mulher era só risadas. Naquela noite, dormira como um anjo... Nunca havia jantado tão bem, e ainda sozinha.

E resmungando, o marido sentou no sofá com o prato frio, com raiva de ter chegado tão tarde.

Mal sabia ele que o gás, o suco e o refrigerante estavam escondidos. E como ele estava meio bêbado, tão cedo não iria reencontrá-los.

Não teve jeito. Teve que agüentar, e se virar com o que tinha para comer.

Moral da história: a vingança é um prato que se come frio.


8 comentários:

MaxReinert disse...

huahauhahua... tá bom, tá bom..... mas o ditado tinha essa história toda antes???
heheheheheh

abraço

Gi Olmedo disse...

Nada como um dia após o outro... com uma noite no meio!
É por isso q não caso mais... pois mais vale minha barriguinha cheia e meu semblante satisfeito do q um marido bêbado e individualista no bar... afinal, nove meses p/ nascer já foram o suficientes p/ esperarmos na vida.
Somos reflexo de nossos atos, apenas. Afinal, cada um tem o q merece, mais cedo ou mais tarde.
Inclusive lembro-me dessas suas palavras há alguns dias...

Bjo, como sempre vc sensacional :)=

Comentarista Abalizado disse...

Sem puxa-saquismo, lembra Luís Fernando Veríssimo!
Muito Bom!

R. B. Dillinger disse...

Diria que bem frio mesmo! hahahah
Excelente texto!
adorei!
abraço!

R Lima disse...

Vc passou a limpo o ditado foi? rssss




[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

Anônimo disse...

rsrsrsrs...
muito muito bom o post.
acho que eu vo fazer isso qquando me casar, "se chegar tarde vai comer a comida fria!"...rs
até+.bj

ex-amnésico disse...

O doce sabor da vingança... Não há nada melhor!

Parabéns pelo ótimo texto, realmente à altura de Veríssimo, Fernando Sabino, Paulo M. Campos e outros mestres do gênero.

Abraço!

R Lima disse...

Kd vc moço? Kd o AGOSTO? rsss



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