quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Toda Linha Tem o Seu Fim

Na hora de se criar uma história, acredito que as partes mais complicadas sejam o começo e o fim.

São complicadas porque são, de certa forma, as partes mais importantes de um texto. Um começo tem que ser atrativo, tem que conter elementos que além de convidar o leitor a embarcar naquelas linhas, cria-se a partir daí uma base que irá se desenvolver conforme o desenrolar da história.

O final é o mais difícil, porque é a resolução e principalmente a conclusão de toda aquela estrutura que você criou. E precisa ser um ótimo final, um final digno de toda a história criada. Um final que sintetize tudo que se viveu lá, o que se viu, o que se aprendeu, e que termine com uma conclusão. Pode ser esteticamente bonita, tecnicamente útil, e/ou emocionalmente compensador.

Mas, e quando na vida real nós damos um começo a um desejo, mas este mesmo desejo acaba sofrendo desgastes perdendo-se dentro de si mesmo, fazendo com que o prazer de se executá-lo acabe virando uma obrigação, e no fim das contas, nos vemos obrigados a dar um final para ele?

Há algum tempo, há cerca de três semanas, já andava pensando sobre isso. Já não era mais a mesma coisa. Não era mais a cara do meu atual desejo. Não era mais prazeroso. Não era mais eu.

E decidi: vou por um ponto final nessa história. Vou me retirar. Vou buscar novos caminhos. Vou voltar para o meu mundo.

E por isso, agora anuncio: este autor está com as malas prontas para uma viagem rumo a uma ilha deserta. E com a chave na mão para fechar esta casa.

Esta casa, que foi construída minuciosamente por dias a fio, cujas paredes pretas foram testemunhas de várias criticas, vários delírios, várias sessões nostalgia, casos, tempestades, pensamentos, reflexões, fortes comentários, comentários inúteis, comentários polêmicos, grandes parceiros e grandes desabafos.

Queria dizer muita coisa, agradecer a todos que colaboraram neste espaço, como a Pequena Gi, o Amnésico, o Diego, a Mila, o Wander, e a todos aqueles que divulgaram o link do blog, aos que me premiaram com seus selos, ou que simplesmente apareceram por aqui ora assiduamente ora entre longos espaços de tempo para opinar de forma inteligente os assuntos postados.

E a você, R Lima, o primeiro a me incentivar desde a 1º postagem, e a minha maior base para que eu chegasse até aqui, obrigado por tudo, e pode ter certeza que eu continuarei a prestigiar o seu Avesso, que me faz tão bem. Aos outros parceiros também continuarei freqüentando, pois cada um tem o seu estilo e a cada postagem nova, um assunto mais interessante.

E a todos os leitores, também um muito obrigado por parar alguns de seus minutos para ler este espaço aqui.

E é isso, a partir de agora, o “Em Linhas...” se despede da blogosfera. É claro que ele não morrerá, continuará aqui, intacto, do jeito que estou deixando ao sair dele. Quem sabe, num dia em que meu coração pedir, eu volto para esta casa, mais maduro, com mais histórias para contar...

Mas ai, será o inicio de novas linhas. À estas, como são atualmente, encerro hoje com um ponto final.

Porque no fim das contas, toda linha que começa, independente do seu tamanho, independente do seu impacto e da sua profundidade, sempre terá o seu fim.

Mas, como detesto pontos finais, prefiro encerrar com reticências...

Então, a você, a todos que leram estas linhas, um muito obrigado.

E até uma próxima estação...

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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vinte e Três


Sexta-feira, cinco de setembro, mais uma casa alcançada.

Agora, são 23.

Dia de comemorar essa data tão especial, de reunir os amigos, de ser zoado por eles, de ganhar presentes, de receber abraços e outros gestos de carinho que, às vezes, vem até de pessoas que a gente não espera.

Fiz como manda o figurino do dia. Pela primeira vez, comemorei meu aniversário num rodízio de pizza, com vários amigos. Foi legal em alguns pontos, péssimo devido a algumas coisas, mas de forma geral, valeu a pena guardar de recordação.

Recordação...

Óbvio que não tem como ficar mais reflexivo nesses dias. Fazer um balanço do que me tornei, do que vivi de um ano para cá, do que aprendi.

Percebi como o tempo passou, e continua passando. Amigos meus da escola já são casados, possuem filhos, estão se formando da faculdade, foram para o exterior construir a vida, e eu ainda continuo apenas trabalhando, batalhando uma bolsa na minha faculdade de jornalismo. Sim, me senti estagnado.

Diferente do que escrevi na postagem do ano passado, onde me dizia sentir um vitorioso do conflito comigo mesmo, percebi que não foi bem assim. Ainda há muitos resquícios do que vivi no passado, e que muitas vezes ainda me atormentam. Passei também a dar por falta de alguma coisa minha que perdi lá atrás. É engraçado isso, porque não ainda não sei exatamente o que é, mas eu sinto que perdi, e faz falta.

Aprendi a saber expor mais os meus sentimentos para pessoas que realmente valem a pena, e a me deixar ajudar por elas. Também aprendi o quanto o veneno do mundo pode transformar os sonhos e a motivação de uma pessoa mesmo sem ela perceber e tentando se defender, e só tendo mesmo muita força de vontade é que se chegará algum ponto sem dar tropeçadas fatais.

Também aprendi que por trás de uma pessoa, há sempre um coração.

E principalmente, aprendi que nessa vida eu tenho muito o que aprender.

E por fim, encerro esta crônica, agradecendo à Deus e às pessoas pelo carinho, pelos aprendizados, pelos momentos inesquecíveis, pelas broncas que precisei, pela força que me deram quando eu realmente achei que iria cair, e por todas os amigos e pessoas especiais que conheci, inclusive, aqui na blogosfera.

Realmente, a cada ano que passa, eu percebo o quanto isso tudo é valioso,
porque é o que realmente fica.

Esta data também marca um momento de mudanças e de decisões importantes para mim (que aliás, uma delas, será escrita na próxima postagem de quarta-feira, dia 10). Mas, no fim das contas, depois dessas reflexões, apenas ponho os sapatos, volto a caminhar pela estrada da vida rumo àquilo tudo que eu desejo.

Uma estrada que à principio parece me fazer mais sombrio, mas no fundo, apenas me ensina que a verdadeira luz está dentro de mim.

Somente de mim.

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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sessão Nostalgia 4 - Sai de Baixo


1996, domingo á noite. Bastava esperar acabar o Fantástico, para começar aquela abertura em desenho de um prédio e vários moradores fazendo as maiores maluquices e confusoes. O prédio ficava no Largo do Arouche, centro de São Paulo.

Num dos apartamentos, morava uma familia composta inicialmente por Vavá (Luis Gustavo), a irmã Cassandra (Aracy Balabanian), a sua sobrinha "inteligente" Magda (Marisa Orth), o marido dela - o esnobe Caco Antibes (Miguel Falabella), o inesquecível porteiro Ribamar (Tom Cavalcante) e a primeira e mais querida empregada do seriado, Edileusa (Claudia Gimenez).

Dirigida por Daniel Filho e outros brilhantes diretores da atualidade, a série foi exibida na Globo de 1996 à 2002, e também contou com a participação de vários artistas. Foi uma série que deixou saudades.

Se voce quiser saber mais sobre a série, e outras curiosidades sobre a sua produção, clique no link abaixo:

http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-257961,00.html

Com você, já que estamos em ano de eleições, ironia do destino ou não, encontrei esse pequeno vídeo no youtube, um debate "político" entre o candidato Caco Antibes, e sua concorrente, Edileusa.

Divirta-se.



FOTO: http://www.fabber.blogger.com.br/SaideBaixo.jpg

domingo, 24 de agosto de 2008

O Hábito Faz o Monge

No dia 24 de agosto foi o último dia da 20º Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Pavilhão de Exposições do Anhembi, zona norte da capital. Num espaço de 70 mil m2, foram expostos no total mais de 2 milhões de livros, 4 mil só de lançamentos, promovidos por 350 expositores e 900 selos, para cerca de 800 mil visitantes.

Fiquei sabendo dela por acaso. Como toda vez, só nos últimos dias é que realmente se divulga, geralmente em jornais da TV. Dessa vez, tive sorte de estar na net, e ver a notícia antecipado, através de um site.

Resolvi ir naquele mesmo domingo dia 17. Saí tarde de casa, “almocei” nos McDonalds da vida, e fui para o Metrô Tietê, de onde sairia um ônibus gratuito até o Anhembi. Depois de rodar muito achei o dito cujo, e junto com uma fila imensa, cheguei lá por volta das três da tarde (pra quem mora na zona sul, é longe pra burro!).

Ah, estava em casa! Comecei a folhear o guia que uma das simpáticas funcionárias me forneceram (é sério, nunca vi tanto funcionário sorridente junto, acho que nem promotor de cartão de crédito conseguiria ser “tão feliz”).

Mais alguns estandes à frente e vejo uma aglomeração. Era de gente, de celulares e de câmeras digitais. Me enfiei no meio dessa muvuca para ver o que era. No estande da Melhoramentos, estava nada mais nada menos que Ziraldo, grande escritor e cartunista, criador do Menino Maluquinho, dando autógrafos, obvio, a quem comprou o seu lançamento “O Namorado da Fada”. O simpático senhor (a quem já confundi várias vezes com Rolando Boldrin), ora falava com seus fãs (ás vezes, não sei por que, ele fechava a cara, e ficava tão sério que até me dava medo), ora acenava para os fotógrafos anônimos de plantão. E eu, sem perda de tempo, peguei o meu celular, e dali em diante, como todo mundo, me tornei um paparazo, que se matara no meio daquela multidão de todas as idades, sexo e cores e suas câmeras, de celulares com câmera VGA a câmeras ultra profissionais com mega definição. Todo mundo lá, alguns talvez nem sabendo muito sobre ele, mas ali, frente a frente com o cara e querendo registrar o momento.

Depois, continuei andando pelos estandes. Em alguns cantos, um espaço com bancos, chamado Ponto de Encontro. Haviam vários idosos neles, com ar de “sou aposentado e agora só to curtindo a vida”, e tinha muita coisa para criança também, entre elas, uma apresentação do Julio do Cocoricó (Tv Cultura), e outros bonecos de desenhos que o meu sobrinho de 5 anos saberia explicar melhor do que eu, um grupo teatral contando de maneira bem humorada a situação atual do mercado editorial brasileiro e seus problemas. Havia também um outro grupo cantando musicas folclóricas, salas com escritores contando histórias para crianças – e de gaiato – para alguns marmanjos, como eu...

Daí fui direto as compras. Comprei um kit de atividades para o meu sobrinho, alguns livrinhos de reflexões para dar de presente a alguns amigos (apenas 1,00!), um gibi da Mônica (se não me engano o 70º da minha coleção, iniciada em 1994 – apesar de estar a mais de dois anos sem comprar), e dois livros do meu escritor preferido atualmente, Luis Fernando Veríssimo: “Mais Comédias para se Ler na Escola”, e “O Mundo É Bárbaro e o que nós temos a ver com isso”, cada um com um generoso desconto de R$ 7,00.

E mais tarde, depois de tirar mais algumas fotos e de olhar mais editoras, vi mais uma vez uma muvuca de pessoas e câmeras no estande da editora Panini. Corri para ver. Não acreditei. Era um dos meus ídolos na infância, e que sempre quis conhecer desde que vim pela primeira vez à bienal, em 2002. Era Mauricio de Sousa, autografando seu novo lançamento, o “Turma da Mônica Jovem”, dentro de uma cabine com dois seguranças na porta para conter a afobação das pessoas, e lá dentro, o autor numa mesa conversando com algumas crianças que estavam lá, alguns irritantes repórteres, que pareciam de propósito tampar com o corpo a visão de quem estava lá fora para tirar fotos e mais fotos, que não acabavam nunca. Mas não teve problema, onde consegui enxergar, registrei.

E por fim, depois de olhar no relógio e ver que já era quase sete da noite, resolvi ir embora, voltando a pegar outra fila imensa para embarcar no confortável ônibus até o Tietê.

Na sexta dia 22, apenas para acompanhar uma amiga, fui de novo para lá, só que de manha por causa do meu trabalho. Estava bacana assim como no domingo, a diferença é que nesse dia estava um mundaréu de crianças e suas “tias” da escola, pintando e bordando em tudo que viam pela frente. Mas foi legal também.

O engraçado é que, nessa história toda, eu fico pensando como um meio pode influenciar os nossos hábitos. Há pelo menos um ano eu não pegava um livro para conseguir lê-lo até o final, e bastou novamente ir na Bienal, encher um pouco a sacola, para voltar a ter o hábito saudável da leitura, e conseguir ler um dos livros em apenas 4 dias.

Bem, é isso, apenas queria registrar esses dias que fui lá, e que foram muito bacanas, e diferentes, porque das outras vezes apenas tinha ido comprar livros. Nesse ano, voltei para casa com um bom registro de autores que gosto e que nunca tinha visto pessoalmente, e com mais uma vez a certeza de que como vale a pena deixar o seu domingo de folga para descansar em casa do stress da semana, se dedicando a atividades que realmente valem a pena, e que precisam ser mais incentivadas no Brasil.

FOTOS: Danilo Moreira