sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Vinte e Dois


Já era para ter publicado esse texto há mais tempo, porém por falta do "mais tempo" só pude fazê-lo hoje.

Confesso que perdi o jeito para escrever sobre mim mesmo. É como fuçar numa estante com livros empoeirados, tentando relembrar o que estava escrito em cada um deles, tudo para concluir um trabalho que estou fazendo agora.

Pois é, nessa quarta-feira eu assoprei mais uma vela.

Foi um dia bacana. Assim que acordei já recebi parabéns e presentes de familiares.

No trabalho também foi legal. Várias pessoas que ás vezes mal tenho contato me cumprimentaram, e após o expediente eu fui comemorar com uma galera numa lanchonete na Vila Nova Conceição. Foi lá que, tive a “honra” de receber presentes como um CD com músicas até do Beto Barbosa (nem queira imaginar, na hora, como fiquei ao ouvir aquele "Adocica meu amor, adocica..."), uma revista dos Backstreet Boy(ola)s , um Baby Doll preto e muitas balas 7 Bello. E finalmente, ganhei uma garrafa de vinho e uma camiseta da Janis Joplin.

É claro, tirando os três últimos presentes citados que eu adorei, o resto foi mero detalhe, um detalhe que eu saberei retribuir muito bem às pessoas que me presentearam, até porque o aniversário de uma delas também está chegando... aguarde os próximos capítulos...

Mas, voltando ao assunto, nesse aniversário em especial, senti algo que tenho que transcrever para cá. Era um sensação boa, de paz interior, de calma.

Na verdade, estava mesmo era me sentindo um vitorioso. Vitorioso do conflito interno de que todos nós, em menor ou maior intensidade, já fomos vítimas um dia.

Na infância, eu era um garoto muito tímido e cheio de complexos. Não gostava de festa, saia pouco de casa, tinha poucos amigos. Na adolescência, esses elementos se confrontaram com aquele desejo de amadurecer depressa, de quebrar regras, de quebrar as minhas próprias regras. E foi esse conflito que perdurou na minha cabeça por um bom tempo, me levando inclusive a descarregar no papel. Foi assim que peguei gosto pela arte de escrever.

É claro que eu tinha os meus momentos de fama entre a molecada da escola, meus momentos de palhaço e tudo, mas por quanto tempo eu me recusei a me aceitar do que jeito que era, e quantas vezes eu quis ter amigos de verdade, pessoas perfeitas como naqueles filmes americanos infanto-juvenil anos 80 que a gente via (se ainda não passa na Sessão da Tarde), e sempre se queixando de que eu nunca poderia confiar em ninguém, nem nas pessoas a minha volta, nem na minha família e nem em mim mesmo.

As coisas começaram a mudar quando eu percebi o quanto era melhor que muita gente por ai, que rouba, mata, trai, entre outras perversidades.

Entendi que todo mundo, pelo menos um dia, já teve os seus momentos de Cristo, independente da idade e que era uma coisa normal.

Percebi que família é a coisa mais importante na nossa vida, e que não é para sempre.

Aprendi que existem pessoas e pessoas, e que ninguém é perfeito o suficiente para exigir que eu o seja e vice-versa.

Entendi que todos nós devemos ter o direito de errar, o dever de aprender, e a qualidade de se perdoar.

Concluí que herói é aquele que consegue sair ileso de uma guerra consigo mesmo, sabendo perdoar seus erros e aprendendo com eles.

Percebi também, que às vezes, o melhor é esquecermos de lamentar os nossos erros, guardar os nossos problemas no porão junto com outras coisas inuteis, sentar na grama, fehcar os olhos, e ficar contemplando o sol que bate no rosto, nada mais.

Percebi também que idade não é nada, há pessoas com mais de 50 anos, com alto grau de estudo, que ainda tem muito o que amadurecer.
Percebi que não temos a obrigação de agradar a todo mundo, e que respeito e confiança não se espera, se conquista.

Percebi que fazer o melhor para os outros (que realmente precisam) é fazer o melhor para si mesmo.

Percebi também o quanto a mágoa e o rancor pode destruir, principalmente quando é de nós para nós mesmos, e é por isso que temos que pelo menos tentar perdoar e se perdoar, porque no fim é a sua própria saúde que acaba sendo prejudicada, podendo até te privar de viver momentos que nunca mais voltarão.

E percebi principalmente, que a vida não é uma lição a ser concluída, e sim, uma aula cotidiana.

Hoje, com 22 anos completados (andei mentindo por aí que faria 18, mas isso não vem ao caso...), encerro esta texto com um pensamento que escrevi quando completei 15 anos, e que encontrei perdido entre páginas amareladas da minha agenda da 8º série:

“É engraçado, quando a gente faz aniversário, uma certa idade, sempre imaginamos que tudo vai mudar de uma hora para outra. Só depende de nós, e da nossa maturidade, para dizer se realmente irá mudar alguma coisa.”

O tempo, senhor da razão...

12 comentários:

Pedro Mourão disse...

na verdade o que muda mesmo são as convenções que você começa a ser obrigado a cumprir...de resto continuamos os mesmo muleques...

Diego Moretto disse...

Bom, antes Parabens cara. Felicidades e Sucesso, rsrsrrs.

Mas este ano, quando completei 19 anos, é que me deparei pensando no meu futuro e fazendo planos e tentando mudar. Tudo está e encaminhando....hehehe.

Cara, Tropa de Elite ainda não está nos cinemas, mas vc ja o encontra em qualquer camelo por aí. Bom, fiz um post discussão do filme, ficou legal. Acabei de publicar. Depois da uma olhada lá. ABS!

Unknown disse...

Caramba amigo! eu li seu post todo! e por incrivel que pareça.. eu cheguei a me emocionar...
parabens cara.. vc escreve muito bem!
continue postando!
abração!

ta afim de fazer parceria?
www.danielll2.blogspot.com

Juliana Farias disse...

E qnd vc fizer 23... afff...

tamo tudo ficando véio!!

hahauhauha

Hj meu pai [[[ !!!!!! ]]] disse isso pra mim:

""" tá ficando velha, ein, Juliana?? """

Caraca!

Esse lance de idade... ai ai ai

young vapire luke lestat disse...

Parabéns pelo aniversário e pelo belo texto.


[]s L.Sakssida

reflexões disse...

parabéns viu!! Aniversário é sempre um momento de refletirmos sobre a nossa vida, é legal quando tiramos um tempo p nós mesmos.

MaxReinert disse...

22....44.... 66.... e por aí vai!

Eu, quando jovem, sempre quiz ser mais velho.... hoje aprendi a aproveitar as coisas que cada idade traz....

E deixar pra trás o que cada idade leva!!!!

Assim é a vida!!!
Perdas e ganhos.....
Transformações constantes!!!!

R Lima disse...

O Tempo é o senhor da razão.. isso é clássico, verdadeiro.. cruel.

Boa semana essa.. de mudanças.. aos 22 pensava que poderia ter o mundo aos meus pés.. 10 anos depois descobri que o tive. Na imaturidade dos dias por vezes o deixei escapar..

Engraçado nos separamos por uma década...

E nem por isso somos díspares. Concordo com o que diz aí, com o que descreve...

Nada na vida vale se não for pelas experiências que vivemos.. pela corrida sempre serena pela maturidade..

Abçs meu caro.. sucesso, saúde, paz e muita felicidade..

Aliás a esta última desejo perpetuação eterna...




[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

Rafa disse...

Quando cheguei ao final do texto, levei um susto quando vi que tua idade � s� 22 anos.
Me pareceu o desabafo de algu�m bem mais velho, j� bastante maduro.

Muito bom o texto, mais uma vez.

Abra�o.

Renan Ramiro disse...

Percepção, aprendizado e conlusões. Entre uma vela e outra a gente assopra a poeira da frente dos olhos.

Gostei, mas você gostou mais e tenho dito.

Rebecca Albino disse...

Ahh...adorei seu texto! Bem simples e bem bonitinho! Aproveito para duas coisas:

a) agradecer pelo comentário no meu blog! volte sempre! ;)

b) parabenizá-lo, já que não é tão tarde para fazê-lo! Tudo de bom pra ti! Engraçado, meu irmão também fez aniversário dia 5, só que ele deixou os 22 para fazer 23 anos.

Bem, é isso!
Abraço e boa semana!

Gi Olmedo disse...

Você sabe o quanto sou manteiga... só não tô me esgoelando porque estou num pc da facul com um monte de gente em volta... Mas meus olhos encheram-se de água ao terminar de ler teu texto. Me identifiquei tanto com algumas citações tuas...

Devemos nos lembrar sempre que, não importa a quantidade de experiências que acumulamos, não importa por quantas situações passamos, não interessa qual idade completamos... cada experiência, cada momento, Dan, é unico. Não há nada como olhar para trás e aprender com o passado, preparando o presente, visando o futuro, e percebendo que, muitas vezes, ainda temos muito o que aprender.
Vc supera medos. Reúne conquistas, interiores, explícitas, mas são sempre conquistas. E cada dia é um novo dia. Nossos atos hoje refletirão no que seremos daqui a alguns anos.
Vc tem 22 anos, com uma série de vivências... eu com 23, tenho uma carga de situações de uma mulher com 30 ou 40, mas com jeito de menina... A força q temos em nós nos leva a superar tudo, e a perceber q a experiência é válida, mas não define uma vida, uma oportunidade.
Aos 15 tínhamos idéias... aos 22, 23, ou o q seja, é hora de colocá-las em prática. Sem perder a essência, nunca deixar-se corromper ou perder os ideais.

E valeu pela menção honrosa da camiseta da Janis... foi com carinho.
Hoje, transpareça tua calma. Respire fundo e lembre-se que nada do que fazemos ou vivemos é em vão.
Te adoro, Happy Birthday novamente...