sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

História de Um Quarto Aberto


É um rapaz sentado num banco de um parque, reflexivo.

Olhava para a grama verde e a calmaria nas entrelinhas.

Mas de repente o tempo fechou, e ao abrir os seus olhos, o rapaz se viu dentro de um quarto escuro e úmido.

Ouvem-se gritos externos e de dentro de sua alma.

O pânico entra no quarto. Olha para o rapaz que, assustado, lhe mostra os dois dedos.

O pânico ri. Sua risada faz um dos tijolos caírem na cabeça do rapaz. Ele fica tonto. Tenta ficar de pé, cambaleando.

O pânico abre uma das paredes.

O rapaz tenta se reerguer.

Do outro lado, vê um amigo se suicidando cm um tiro. Correu para socorrê-lo. Bate a cara na parede.

Mas, ao abrir os olhos, vê-se novamente o jardim.

Sentiu pingar uma gota gelada de umidade nas suas costas. Berrou um palavrão. Ao olhar para o lado o pânico o encarava com as mãos no bolso e encostado na parede. Era o quarto.

Abriu-se novamente uma das paredes. O rapaz olhou para seus pais, e percebeu que eles não estavam mais entre nós. E para aguçar a diversão, o pânico pegou um de seus dedos e tocou no peito do rapaz.

A comida de seu estomago se revirou.

O coração passou a bater mais forte.

A sua pressão começou a abaixar.

O rapaz passou a tremer.

O pânico então, tacou na cara dele que logo ele é quem iria morrer.

Morrer como todos à sua volta.

Morrer como todos nas tragédias à sua volta.

Morrer como uma casa bela que se desaba em concreto, carne, ossos e puro sangue.

Morrer como a morte, que quebra a seqüência daquilo que porventura nós apropriamos como nosso. Até a morte parecera cansada de morrer.

O rapaz sabia que tudo aquilo não era verdade, porém, do nada, começou a se desesperar. Jogou-se no chão, fechou o punho e voou para cima do pânico.

Este lhe sacou uma faca ao ver o corpo dele voar.

O rapaz foi acertado em cheio.

Viu seu sangue escorrer pelas suas mãos.

Viu sua vida escorrer pelas suas mãos.

Viu as pessoas que mais lhe amavam chorando por ele.

Mas, de tudo, o que mais lhe assustou mesmo foi quando ele descobriu que, na verdade, o pânico era um espelho. E o assassino era ele mesmo. Se matara.

Mas, de repente, ao abrir os seus olhos, vê-se novamente o jardim.

Olhou para o seu corpo. Olhou para tudo intacto, mesmo olhando as pessoas mas ainda com o medo do seu mundo acabar.

O rapaz então ficou de pé e resolveu tomar um sorvete.

Foi aí que encontrara um amigo. Conversaram. Trocaram idéias. Riram.

E o rapaz, finalmente, fechou a porta de seu quarto, trancando-o à chave e decidido a jogá-la fora.

Mas, como sempre, a sua cabeça o traia, e ele, involuntariamente, guardava a chave no bolso de trás da sua bermuda.

Tomara que este bolso não fure, porque se furar, a chave poderá cair no chão com o seu barulho insuportável, e ele, pegará a chave e abrirá novamente o quarto.

E tudo começará de novo.

Mas pelo menos, ao abrir os olhos, vê-se novamente o jardim.


FOTO:
http://infouruguay.codigolibre.net/serron/wp-content/uploads/2006/03/pensativo.jpg

8 comentários:

Arne Balbinotti disse...

Fiquei meio perdido na história...
Realmente fiquei perdido na história...
Mas gostei de alguns pontos e foi o que salvou o enredo.

Feänor disse...

Confesso que também me perdi um pouco... Mas gostei da história.

Poderia passar por um relato da confusão mental que assalta quem tem síndrome do pânico.

Danibrowser disse...

Meio confuso...
Mais escreve muito bem!
Abraço

Danilo Moreira disse...

Soh esclarecendo...

O texto é confuso msm, retrata a paranóia de um jovem com a morte, tipo uma neurose que muitos jovens tem, assim como eu tb ja tive.

Tudo no quarto se passa na cabeça dele, e contrasta com um ambiente tranquilo onde está que é o Parque.

No fim, o fato de encontrar um amigo e distrair a cabeça com ele mostra q o melhor é ocupar a cabeça com algo, sempre.

Continuem comentando.

O rapaz dos quadrinhos disse...

longo em

ex-amnésico disse...

Olá, Danilo! Um grande 2008 pra você e agradeço as boas-vindas (pois é, atrasado é meu nome do meio...) :/

Achei fantástico o conto, uma das melhores descrições de surto alucinatório que já vi (morro de vontade de escrever alguma coisa assim, sabe?) E concordo com você, companheirismo é essencial pra afastar esses estados mórbidos, sei por experiência.

Agora vou pôr em dia a leitura dos seus textos.

Abração!

Diom disse...

Legais seus textosm vc tem talento!

.leticia santinon disse...

Ainda bem que sempre podemos abrir a porta e ver o jardim.