segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Delírio - Um Barulho...


Tenho uma linha reta cotidiana a seguir

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho uma vida reta cotidiana a seguir

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho um trabalho cotidiano para cumprir

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho sonhos cotidianos a perseguir

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho que acordar cedo

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho que lavar o rosto

RATÁTÁTÁTÁ

Tenho que tomar café

RATÁTÁTÁTÁ

Fui tomar e liguei a TV

RATÁTÁTÁTÁ

Fiquei da sabendo da morte da menina por bala perdida

RATÁTÁTÁTÁ

Da 6º chacina do ano na Grande SP

RATÁTÁTÁTÁ

Do assalto a banco que terminou com 6 feridos e um morto

RATÁTÁTÁTÁ

Da ação da PM num morro do Rio onde uma criança de 12 anos foi morta por bala perdida

RATÁTÁTÁTÁ

Saio da TV e vou trabalhar

RATÁTÁTÁTÁ

Fico sabendo que mataram o Macarrão

RATÁTÁTÁTÁ

Um moleque que vi crescer aqui na rua

RATÁTÁTÁTÁ

Mas que com o tempo foi pro caminho errado

RATÁTÁTÁTÁ

Também fico sabendo que mataram o Cesinha

RATÁTÁTÁTÁ

Um menino direito mas que estava no local errado e na hora errada

RATÁTÁTÁTÁ

E ainda fora morto por um policial numa blitz

RATÁTÁTÁTÁ

E vou seguindo meu caminho até o trabalho

RATÁTÁTÁTÁ

Com uma sensação estranha na cabeça

RATÁTÁTÁTÁ

De que tudo está fora do controle

RATÁTÁTÁTÁ

De que não posso mais confiar em ninguém

RATÁTÁTÁTÁ

De que preciso proteger a minha vida

RATÁTÁTÁTÁ

Que preciso proteger a da minha família

RATÁTÁTÁTÁ

Que preciso fazer alguma coisa

RATÁTÁTÁTÁ

Porque todo dia matam gente onde eu moro

RATÁTÁTÁTÁ

Todo dia matam gente inocente

RATÁTÁTÁTÁ

Todo dia roubam gente inocente

RATÁTÁTÁTÁ

Todo dia traumatizam gente inocente

RATÁTÁTÁTÁ

E nesse violência cotidiana a perseguir a minha vida

RATÁTÁTÁTÁ

A cada momento que passa me vejo obrigado a conviver com ela

RATÁTÁTÁTÁ

Seja aonde for

RATÁTÁTÁTÁ

Seja aonde escrever

RATÁTÁTÁTÁ

Seja aonde estiver

RATÁTÁTÁTÁ

Mas enquanto for possível falar

RATÁTÁTÁTÁ

E esses tiros não sufocarem as palavras de quem tem algo a dizer

RATÁTÁTÁTÁ

Vamos cobrar para que algo seja feito

RATÁTÁTÁTÁ

Ou que pelo menos esse RATÁTÁTÁTÁ

RATÁTÁTÁTÁ

Continue a incomodar os seus ouvidos

RATÁTÁTÁTÁ

E os seus olhos

RATÁTÁTÁTÁ

E não acabe fazendo parte de você.

RATÁTÁTÁTÁ

RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ

RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ

RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ


RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ RATÁTÁTÁTÁ

PUM
.
.
.
.
.
.
.



FOTO: http://img180.imageshack.us/img180/5112/baianola6.jpg

25 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso o poema..

Oq fazer?
tentamos nos proteger, mas de quem.. já não sabemos onde se esconder...
são noticias e noticias .. saimos de casa sem saber como vamos voltar..
oq fazer???

abç..

Anônimo disse...

um tipo de poema moderno, em prosa, e construção de imagens e sons.

não é muito minha área os derivados do modernismo, mas o tema é bem interessante^^

bjos.

Carlos Henrique disse...

O mundo atual tá ouvindo muito essas notas musicais aí. Uma pena mesmo!

Abraços e parabéns pelo blog!

Carlos Henrique
http://futebolhistoria.blogspot.com

Dih Fernandes disse...

Fazer o que se ninguem faz nada pra mudar????

http://www.avidanobeco.com/

Jonatas Fróes disse...

Forte o texto, mas um simples retrato da realidade brasileira. E infelizmente tenho que fazer das palavras do Dih ai em cima, as minhas...

[]'s

http://musica-holic.blogspot.com/

Anônimo disse...

Infelizmente a realidade de nosso país se tornou violenta ao extremo, mas fico feliz de saber que ainda existem pessoas como você, que tem consciência do que está acontecendo e expõe isso no blog.

www.blowgh.wordpress.com

Euzer Lopes disse...

Preciso falar alguma coisa?
Não!
Seu texto é simplesmente genial.
Nota dez!

Anônimo disse...

eita que realidade dura a nossa
que rende até poema

Festa das Cores {Letícia Miyazaki} disse...

Muito legal!
Parabéns!

http://lefamily.blog.terra.com.br/

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Danilo!

Maravilhoso o seu poema e carregado de crítica social. A banalização da violência gratuita é uma coisa que me preocupa muito...não pelo fato da mídia comprar essa cobertura de modo fanático, mas é como as pessoas se acostumaram com a banalização do crime pelo crime.

Sensacional o seu texto pra variar...hehehe...rs.

Vlw por passar lá no Café!

Abraço,

=]
________________________
http://cafecomnoticias.blogpot.com

DuDu Magalhães disse...

Belo poema concreto!
Pensa pelo lado 'possitivo' Ainda não mataram sua esperança. Isso, vai te converter em conspirador [anti]convicções 'cotidianas' deste séc. XXI

Vermelho, Amarelo e branco...

Estuda psicologia, né?!

heheheh

abrass

Isolado disse...

"Tudo está fora de controle, não confie em ninguém!"

Vc. mandou legal nesse texto..., muito bom!

Parabéns! e...

RATÁTÁTÁ

Anônimo disse...

Muito foda cara...

gostei muito.

parabêns

=]

abraçz

Anônimo disse...

bom texto... é bem forte e mostra uma realidade até então presente na vida de todos nós. o que fazer para mudar? soluções são muitas... o negócio é pô-las em prática. a começar por escolher um bom representante nestas eleições.

abraço

Paloma Caroline disse...

Me senti violentada depois desse. O______O

Mas é bem realista. Aliás, tudo que tu escreve é realista :}

Gi Olmedo disse...

A banalidade faz com que o ser humano acostume-se com essa sinfonia trágica.
Caso não nos mexamos o quanto antes, a canção continuará ecoando e seremos os próximos a ouví-la de perto.

Genial o texto... como sempre!

Beijos!

Rafael Daher disse...

Muito interessante. Gostei muito de seu blog.
Também escrevo um blog, é sobre poesia.

Parabéns pelo blog,
Rafael Daher

Wander Veroni Maia disse...

Oi, danilo! Como já comentei anteriormente no seu blog, passei aqui pra te convidar a ir até o Café com Notícias. A sua presença será mto importante. Tenho certeza q vc vai gostar dos posts.

Abraço,

=]
__________________________
http://cafecomnoticias.blogspot.com

Aqui tem Pilates disse...

Gostei muito do texto bem forte....
e vamos lá

RÁTÁTÁTA

Lorie disse...

genial! gostei do estilo =)

Welker disse...

Interessante... para alertar a violência dos anos 30, eles tinham o Tom e Jerry.

Para os dias atuais, temos você. Bom trabalho.

Elisa Macedo disse...

Concordo e apoio o que você disse!
o caso é que o povo não tem a minima noçao do que levou isso a estar acontecendo conosco.
São vários fatores. MAs nós cidadãos de bem ainda somos a maioria.
Vamos revolucionar. é como sempre digo no meu blog: não vamos esperar as máquinas dominarem o mundo, pois elas nao tem sentimentos. e o ser humanos está perdendo o seu.
SE nós que os possuimos nao lutarmos para reverter isso, comentando em blog's ou indo pras ruas fazer valer nossos direitos, sinto em informar-te que suas palavras juntamente com as minhas estarão jogadas no vento de grande intensidade, que atinge a todos mas ninguem o vê.
Dando: visite

http://lisems.blogspot.com/

Anônimo disse...

Bem, não vou deixar o link do meu blog (até porque estou sem), assim não preciso puxar seu saco (como muitos acima) para você se sentir obrigado a retribuir o comentário. Portanto, como não tenho motivos para mentir, vou ser bastante honesto.

Não acho que o seu texto seja um poema. É uma prosa disposta em versos. Isso não é para desmerecer seu trabalho, apenas acho que chamar de poema qualquer coisa disposta em versos não faz sentido. Esteticamente não é belo, nem enseja grande reflexão: é mais uma ilustração daquilo que vemos todos os dias, com uma recomendação comum no final que acrescenta pouco ou nada ao leitor.

Mas valeu a tentativa. Pelo menos você está tentando fazer algo diferente. Tentando...

Não é como uns por aí que não fazem nada e apenas ficam comentando o que os outros fazem (escapou uma nota de sarcasmo).

No mais, continue escrevendo e estudando, sem encarar certas críticas como destrutivas. Não é essa a intenção...

Mas é um blog interessante.

Até mais ver!

Danilo Moreira disse...

Carlos, primeiramente obrigado pelo comentário construtivo e sincero.

Mas, como há algum tempo já estou com essa pulga atrás da orelha, e vc a cutucou de tal forma que tive que observá-la melhor, então resolvi responder aqui mesmo, até pq vc nao tem blog para retribuir (nao o faço por obrigação, e sim, pura e espontanea vontade)

Quando escrevo um delírio, imagino uma pessoa fora da sua lucidez dizendo o que pensa. Trazendo isso para o blog, é uma forma de expor um sentimento, como já disse em uma outra postagem, onde o leitor LE e VE o sentimento ali exposto das maneiras mais diferentes possiveis (pelo menos na blogosfera).

Mas, em nenhum momento, eu disse ou deixei claro dentro dos delírios que se tratavam de poemas. É meio como vc falou, é só verem versos (alguns rimados), já o consideraram poema, o que não é verdade. Já vinha reparando nisso há algum tempo e até pensado em escrever algo do assunto, mas sei lá, nao o fiz.

Para ser sincero, nao estou preocupado em definir em que tipo de estilo se encaixa os Delírios, até porque, a regra deles é justamente a de nao possuir regras, então, sé é um poema ou uma prosa disposta em versos, a mim, nesse caso, nao faz a menor diferença. Nao é o mais importante.

Sem mais, quanto a ele ser interessante, diferente ou nao, só mesmo quem o leu, com as suas experiencias de vida e seus conhecimentos, é quem poderá o considerar diferente ou nao, e julgar o impacto que causou a si mesmo, assim como vc o fez no comentario. Sobre isso, obvio, nao poderei opinar.

Quando a parte de continue escrevendo e estudando, pode ficar tranquilo, porque estou fazendo por onde.

Mas pode ter certeza, seu comentário é importante. E fique tranquilo, prefiro comentários nesse tom critico, do que aqueles que nao tem nada a dizer além de "Seu blog é legal, passa no meu".

Abçs!!!

Anônimo disse...

Acredito sim que você retribua o comentário por que assim o quer e não por que se sente obrigado. Quando eu tinha um blog, eu também gostava de retribuir os comentários. Mas nem todos. Os comentários do tipo “achei seu blog legal, passa no meu” que me levavam a um blog cheio de vídeos do youtube, fotos coloridas e pedidos desesperados por comentários, eu não respondia. Na verdade, eu apagava-os. Gosto apenas de comentar em blogs cujos autores são escritores de fato. Enfim.

Dei uma olhada no seu blog: você não nomeou seus delírios como poemas. Isso eu já sabia. Eu me referia mesmo às pessoas que disseram “belo poema este seu”. É uma confusão. Quando eu tinha um blog, eu tentava evitar essa confusão escrevendo apenas em prosa. Assim quem não entendia muito de poesia não atribuía aos meus textos este rótulo. Era um recurso meu, uma preocupação minha. Se você não esquenta a cabeça com isso, não há então motivo para esclarecer. Mas até que essa sua concepção de delírio é bem interessante: você poderia apresentá-la aos seus leitores.

E quanto ao texto ser ou não interessante, de fato isso varia de pessoa para pessoa: alguns textos não produzem eco nos leitores, são como um som que bate num muro e pára. Mas se é diferente ou não, se é poético ou não, acho que isso independe de quem o lê: acho que um texto original ou poético tem algo em si que se mostra ou não para aqueles que se abrem à sua leitura. Mas isso é só opinião minha, não me leve muito a sério.


Bem, até mais. É por causa de blogs assim que eu não me afastei por completo da blogosfera.