segunda-feira, 25 de junho de 2007

Os Três Educados



Era um ônibus lotado. Num banco isolado perto da porta, havia um rapaz sentado.

Em volta, havia dois outros rapazes, um com uma mochila e outro com a mão no bolso. Havia também uma garota com a sua bolsa, cuidadosamente amparada pelos seus braços.

E de repente, o rapaz se levantou do banco para descer no próximo ponto.

Um banco vazio!!!!

Olhares entre os três em volta:

“Eu quero sentar, mas vai que o outro tá precisando... Seria ganância demais da minha parte me jogar no banco.”

Silêncio.

Ninguém sentou. Para não parecer fome do lugar, cada um dos três disfarçou, olhando para os prédios da Av. Santo Amaro que passavam lentamente por causa do trânsito.

O lugar continuava vazio... vazio... vazio... e os três querendo sentar. Mas ambos se consideravam o exemplo de educação, coisa que todo mundo sabe que é o que menos há dentro de um ônibus, além de velocidade (pelo menos em São Paulo).

Um dos homens, o de mochila, olhou para a garota:

- Pode sentar, moça.

- Não, obrigada. – respondeu ela, disfarçando-se de modesta. – Pode sentar.

O homem sorriu. Se ele sentasse e a deixasse em pé, ficaria chato. Olhou para o rapaz que estava com a mão no bolso:

- Pode sentar.

- Não, que é isso, pode sentar.

- Não, pode sentar você.

- Não, obrigado. – e olhou para a moça. – Senta moça.

- Não não, pode sentar.

Ambos haviam trabalhado o dia inteiro. Estavam com as pernas cansadas. Mesmo assim, não desistiam de mostrar o quanto eram gentis ao outro.

- Pode sentar.

- Pode sentar, moça.

- Pode sentar.

- Pode sentar, moço

- Pode sentar.

- Senta ae mano.

- Não, pode sentar

- Senta aí...

Parecia que aquilo não ia terminar nunca.

Foi então que, de repente, para a surpresa de todos, surgiu, não se sabe de onde, uma senhora de feições carrancudas, que já chegou quase atropelando a moça e empurrando com o corpo o rapaz que estava com mochila:

- Se vocês não vão sentar, eu sento.

E sentou, ficando com a cara para cima e com toda a tranqüilidade do mundo.

Os três se olharam. A senhora entrara já empurrando e nem pediu licença. Desaforo!!

E com os olhos quase a fuzilando, os três já se preparavam para dizer umas verdades a senhora folgada, mas ambos se olharam. Era melhor deixar quieto. De todos ali, ela era a que mais precisava sentar, já que, como mandava o figurino, idoso era prioridade nesses casos.

Eles já haviam tido as suas oportunidades perante aquele banco vazio. Era melhor deixar pra sentar num outro dia, quando se Deus quiser, o ônibus estivesse mais vazio. Prevalece o nível de três pessoas que tiveram boa educação nas suas casas, e se a senhora não a tinha, o problema era dela. Eles se dariam ao exemplo.

E permaneceram em pé, espremidos, demonstrando um sorriso de satisfação em ser gentis com o próximo, mas berrando dentro de suas mentes...


"Sua velha f.d.p., maldita..."

E viva a boa educação dentro dos ônibus.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, comigo não tem essa não... apareceu lugar vazio, vejo que não tem ninguém idoso ou mulher com criança no colo e vou logo sentando antes que perca o lugar. :P

Poxa, se eu for oferecer e a pessoa não aceitar, então sento mesmo, pois, se ela falou que não queria sentar então não tem do que reclamar.

Abraços

Caroline disse...

hahahahaha, eu tbm se vejo lugar vazio sento logo... o chato é quando vc tá lá sentadim e chega os véios qse te fuzilando com o olhar pra vc levantar !

bjs

Gi Olmedo disse...

Pois é... ainda bem q o ônibus não quebrou no meio do caminho,não é? Ou quebrou??
Nada como um pouco de educação no mundo... há em quem sobre... há em quem falte... como o ser humano é complicado!!!
E viva a cordialidade!