quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pena de Quem?

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Faz um certo tempo que eu pensava em falar desse assunto.

Não posso falar muito em outras cidades, mas aqui em São Paulo de um tempo para cá, tem aumentado e muito o número de pedintes.

Eles tocam na sua casa.

Te pedem no ponto de ônibus.

Te pedem dentro do ônibus.

Te pedem no meio do caminho.

E até nos Mc Donalds da vida.

Até entendo que a nossa cruel realidade social acaba por excluir pessoas e estas, só tem como opção de sobrevivência pedir esmola.

Mas, na verdade, o que realmente anda me incomodando, é que esse aumento de pedintes na verdade, não é composto na sua maioria de gente que realmente precisa.

São pessoas que são bem vestidas, até falam bem, são muito educadas, mas pedem esmolas.

Será que esse povo não se envergonha de viver da pena dos outros?

Dois casos, entre vários, me deixaram indignado.

Certa vez em Santo Amaro estava com uma amiga num ponto de ônibus quando veio um sujeito pedindo com licença e pedindo educadamente desculpas por interromper o nosso precioso tempo... para quê? Para pedir uma moeda. Pô, o cara estava tão bem vestido e falava até melhor do que eu!

O outro caso, eu juro, com toda a boa educação que tenho, só não lhe meti a mão na cara porque estava atrasado para ir trabalhar e também por não bater em mulher. Uma garota, quase da minha idade, me parou na saída de um supermercado pedindo que eu lhe comprasse sabe o quê? Uma calça! Isso mesmo, não era comida, moeda e nem nada, era uma calça! Respondi sem olhar um sonoro não tenho. Engraçado que lá perto, dia depois, eu encontrei essa mesma menina fuçando na internet em pleno Mc Donalds, e bem vestida.

Já ouvi histórias de gente juntando muita grana dessas moedinhas que arranjam por ai, e nós, os trouxas que trabalham, comemos o pão que o diabo amassou para ganhar, no líquido, às vezes menos que um salário mínimo, e esse povo que pode muito bem se virar como a gente, prefere viver da pena dos outros e se humilhar por moedas e dentre sonoros "nãos" ou total indiferença, e pior, esse povo consegue juntar um absurdo.

Uma vez, um rapaz vendedor de doces em ônibus, viu um homem literalmente chorando por trocados. Depois que o cara desceu, ele comentou algo que eu até hoje concordo em gênero, número e grau: quer ganhar dinheiro, ofereça algo em troca, não a sua “miséria”.

Sim, eu defendo esse pessoal que vende doces, e ainda sim, excluindo os chorões e os adeptos do velho, batido e irritante discurso cheio de gerundismos “Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando... etc.” Eles pelo menos vendem algo em troca, ganham dinheiro com seu suor, alguns até bem vestidos e com tênis da Nike, como um sujeito que eu vi outro dia.

Agora o que me irrita, é esse pessoal que não precisa, pedindo na maior cara de pau. E ainda tem gente que os ajuda.

Quando a pessoa realmente precisa, de certa forma, se percebe, mas na minha opinião, são pouquíssimas.

Fora aqueles que, além da cara de pau, quando você não ajuda, ainda ficam te rogando praga dizendo que amanha pode ser você, etc... Isso, definitivamente, é o fim.

Essa questão é muito complexa, porque eu sei que há os dois lados da moeda, porém, eu precisava deixar isso escrito, porque acho triste ver um velhíssimo mendigo ou uma criança naquele frio de lascar pedindo esmola na rua, mas pra esse povo bem apessoado que pede, sinceramente, estão precisando mesmo que lhe dêem vergonha na cara e coragem para serem gente por merecer.

Tá dado o recado. Essa é a minha opinião.

8 comentários:

Anônimo disse...

Cara de pau tem limite né?
concordo com tudo o que vc disse no texto!

Esses dias um sujeito tocou minha campainha e me pediu 14 reais pra voltar pra sua cidade. segundo ele, veio ao Rio de Janeiro em busca de trabalho e não encontrou, precisava voltar pra sua casa e não tinha dinheiro.
Eu falei, tudo bem, dou sim. Mas antes você pode dar uma lavada no meu carro? te dou o almoço e 20 reais, e o sujeito disse que tava com a mão machucada e cansado de andar...
A vá pra aquele lugar né??



Bjos.
Adorei o texto mesmo!

MaxReinert disse...

....sim, sim....

Ultimamente a desculpa é que a pessoa é HIV+.... como se alguém soropositivo não pudesse trabalhar e cuidar da saúde!

Tudo tem limite!

As vezes é difícil encontrar essa linha que separa os charlatães dos que estão verdadeiramente precisando!

Floradas de amor disse...

Na verdade a sorte não sorri igualmente pra todos, mas daí aproveitar da boa vontade de um cidadão de bem, eh demais!!!

Boas vibrações sempre!!!
~Ana Brunini

Gustavo Timm de Oliveira disse...

Danilo,

Parabéns pelo post, pelo ponto de vista e também pelos demais textos do blog.

Conheci através de uma comunidade do Orkut e gostei.

Parabéns.

Abraço.

D Bituca - http://dbituca.blogspot.com

Autora: Tinne Fonseca disse...

Oi,
Passei por aqui... Gostei bastante do que vc escreve! Parabéns pelo blog!!!
Tinne (I.)

M. disse...

Concordo contigo em todos os pontos! Aqui na minha cidade não tem tantos pedinches, e muitíssimos poucos estão pedindo por "pedir" como a menina da calça e do Mc Donalds, eu sempre tento dar quando encontro alguem que realmente necessita.

E respondendo teu comentário no meu blog, acho que se a ditadura militar fosse hoje em dia, não haveria como controlar todos esses meios de informação tecnológicos, se conseguissem, muita gente ia ser presa (inclusive eu, UHAUHA).

vera maya disse...

Oi Danilo,
Adorei o texto e a delicadeza no tratamento.
Assunto difícil, esse..
Moro em Sampa tb e sei bem da dificuldade de andar pelas ruas fumando um cigarro ou comendo aquela maçã que é seu café da manhã, quando está atrasado...

e da culpa por não ajudar o pedinte (de tudo e qualquer coisa), o lar dos velhinhos desamparados, das criancinhas doentes...aff!!!

Sorte de quem nao convive com isso diariamente..

Bjos

R. B. Dillinger disse...

Eu tbm não gosto mto de pedintes. Na maioria das vezes, pedem o dinheiro, se vc oferece comida, negam!
O dinheiro nunca é pra se alimentar!
É foda =/
abraço!