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Hora de dormir. Finalmente! Depois de um dia exaustivo, repleto de pessoas mau humoradas, de chefe mau humorado, de trabalho intenso no escritório, de congestionamentos por todos os lados, discussões, barulhos de automóveis, furadeiras, tratores, buzinas, ar-condicionado, anúncios nos alto-falantes, de sirenes de carros de polícia, bombeiros, ambulâncias... e mais uma infinidade de coisas que só de lembrar já lhe davam irritação.
Alfredo era o herói, enfrentava esse caos todos os dias. Estava exausto, cansado a ponto de fechar os olhos. Chegou em casa, conversou sério com sua esposa sobre o que havia acontecido naquele dia, tomou um bom banho para lavar a alma, jantou, assistiu um pouco de televisão e recolheu-se na cama. Era só relaxar, esquecer o resto do mundo, e entrar no mundo confuso dos sonhos.
- Boa noite amor! Não fique assim não. O importante é que já passou. – disse Helen, sua esposa.
- Eu sei. Durma com os anjos! Eu também vou procurar descansar. – murmurou ele, dando-lhe um beijo carinhoso na boca.
Dormiram. Que milagre o vizinho não ligara o som do carro naquela hora da noite! Era uma benção! Então, já que a noite estava silenciosa, Alfredo teve a certeza: aquela noite seria a ideal para recarregar de verdade todas as suas energias gastadas durante o seu dia. E mais do que nos outros, naquele dia ele realmente estava precisando descansar.
“Como é bom estar na minha cama... sossegado... no silêncio... com a minha mulher...zZzZzZ”
Porém, de repente, ouviu-se um grito vindo do quarto ao lado.
- Não, não, não me machuque, não machuque o meu pai, por favor! Não! Socorro, socorro!
Era Lucas, seu filho, quatro anos, que mais uma vez estava tendo pesadelos.
Pai e mãe acordaram. Alfredo se levantou, pediu para Helen dormir, que ele vai ver o que houve com Lucas. O menino continuava gritando. Alfredo se apressou até o quarto. Chegando lá, viu o garoto desinquieto, virando de um lado para o outro da cama. Estava tendo um pesadelo.
- Psiu, calma filho! O papai ta aqui! Isso, calma, já passou, já passou...
O menino acordara assustado. Que pesadelo horrível! Abraçara o pai com toda força, como se aquele homem fosse o herói, o que acabaria com o vilão do pesadelo. Alfredo o abraçou, o acalmou, esperou que aquele pobre coraçãozinho recuperasse os batimentos normais.
- Pai, ele era horrível, ele queria eu, ele queria o senhor...
Pobrezinho, sonhando com o velho e conhecido bicho papão...
- Filho, o bicho papão não faz mal a ninguém, é só um pesadelo!
- Bicho papão? Não pai, bicho papão não tem arma...
“Arma? Ele sonhou com arma?”
- ...era um homem feio, que gritava, berrava, falava um monte de palavrão!
- E o que ele fez, filho?
- Ele veio pro nosso carro e gritou com o senhor. Pediu dinheiro e o senhor disse que não tinha. Daí ele apontou aquela coisa na sua cabeça e depois apontou pa minha. Eu gritava para ele não matar o senhor!
Alfredo ficou estático.
- Puxa filho! Que sonho horrível! Vamos esquecer isso. Vamos lembrar só dos sonhos bons certo?
- Tudo bem pai! Mas não sei se vou conseguir dormir de novo! Posso dormir com o senhor?
- Claro meu filho! O papai dorme abraçado com você para espantar os pesadelos!
- Oba!
- Vem comigo. Cuidado para não acordar a mamãe.
E caminhavam pelo corredor, até que Lucas pára.
- O que foi? Por quê parou?
- Pai, aquele homem não existe de verdade, né?
Alfredo ficou calado. O menino já estava tão assustado com o homem! Temia que se falasse a verdade, ele não conseguiria mais dormir, e tirar isso da cabeça também.
- Não filho, é coisa da sua imaginação. Vamos dormir, já é muito tarde, ok?
O menino sorriu. Pelo menos essa noite ele não iria ter problemas para dormir.
Subiu na cama com ele. Ele no meio, e Alfredo na ponta. Embrulhou-se com o lençol. Abraçou Lucas e deu-lhe um beijo na testa. E então, sob a proteção calorosa dos braços do pai, o menino fechou os olhos e pegou rapidamente no sono. Já Alfredo, mesmo com todo o silêncio que agora pairava no quarto, percebeu que seria uma noite muito difícil de dormir...
Alfredo sabia, e muito bem, que aquele homem existia. Tinha o visto hoje de manhã.
- Eu sei. Durma com os anjos! Eu também vou procurar descansar. – murmurou ele, dando-lhe um beijo carinhoso na boca.
Dormiram. Que milagre o vizinho não ligara o som do carro naquela hora da noite! Era uma benção! Então, já que a noite estava silenciosa, Alfredo teve a certeza: aquela noite seria a ideal para recarregar de verdade todas as suas energias gastadas durante o seu dia. E mais do que nos outros, naquele dia ele realmente estava precisando descansar.
“Como é bom estar na minha cama... sossegado... no silêncio... com a minha mulher...zZzZzZ”
Porém, de repente, ouviu-se um grito vindo do quarto ao lado.
- Não, não, não me machuque, não machuque o meu pai, por favor! Não! Socorro, socorro!
Era Lucas, seu filho, quatro anos, que mais uma vez estava tendo pesadelos.
Pai e mãe acordaram. Alfredo se levantou, pediu para Helen dormir, que ele vai ver o que houve com Lucas. O menino continuava gritando. Alfredo se apressou até o quarto. Chegando lá, viu o garoto desinquieto, virando de um lado para o outro da cama. Estava tendo um pesadelo.
- Psiu, calma filho! O papai ta aqui! Isso, calma, já passou, já passou...
O menino acordara assustado. Que pesadelo horrível! Abraçara o pai com toda força, como se aquele homem fosse o herói, o que acabaria com o vilão do pesadelo. Alfredo o abraçou, o acalmou, esperou que aquele pobre coraçãozinho recuperasse os batimentos normais.
- Pai, ele era horrível, ele queria eu, ele queria o senhor...
Pobrezinho, sonhando com o velho e conhecido bicho papão...
- Filho, o bicho papão não faz mal a ninguém, é só um pesadelo!
- Bicho papão? Não pai, bicho papão não tem arma...
“Arma? Ele sonhou com arma?”
- ...era um homem feio, que gritava, berrava, falava um monte de palavrão!
- E o que ele fez, filho?
- Ele veio pro nosso carro e gritou com o senhor. Pediu dinheiro e o senhor disse que não tinha. Daí ele apontou aquela coisa na sua cabeça e depois apontou pa minha. Eu gritava para ele não matar o senhor!
Alfredo ficou estático.
- Puxa filho! Que sonho horrível! Vamos esquecer isso. Vamos lembrar só dos sonhos bons certo?
- Tudo bem pai! Mas não sei se vou conseguir dormir de novo! Posso dormir com o senhor?
- Claro meu filho! O papai dorme abraçado com você para espantar os pesadelos!
- Oba!
- Vem comigo. Cuidado para não acordar a mamãe.
E caminhavam pelo corredor, até que Lucas pára.
- O que foi? Por quê parou?
- Pai, aquele homem não existe de verdade, né?
Alfredo ficou calado. O menino já estava tão assustado com o homem! Temia que se falasse a verdade, ele não conseguiria mais dormir, e tirar isso da cabeça também.
- Não filho, é coisa da sua imaginação. Vamos dormir, já é muito tarde, ok?
O menino sorriu. Pelo menos essa noite ele não iria ter problemas para dormir.
Subiu na cama com ele. Ele no meio, e Alfredo na ponta. Embrulhou-se com o lençol. Abraçou Lucas e deu-lhe um beijo na testa. E então, sob a proteção calorosa dos braços do pai, o menino fechou os olhos e pegou rapidamente no sono. Já Alfredo, mesmo com todo o silêncio que agora pairava no quarto, percebeu que seria uma noite muito difícil de dormir...
Alfredo sabia, e muito bem, que aquele homem existia. Tinha o visto hoje de manhã.
São Paulo, agosto de 2002
FOTO: http://alerta.blogspot.com/2007/09/ultimamente-o-nmero-de-assaltos-tem.html