Os ventos passaram a varrer com mais ódio. As árvores, antes mansas, agora se sacudiam com os tapas que levavam, perdendo várias folhas e pintando a grama de folhas amareladas e mortas. E era à força.
Na rua, cinzenta e vazia, com buracos nas calçadas e remendos no asfalto tão mal feitos, via-se o lixo sendo carregado pela mesma fúria. Várias latas de alumínio, copos descartáveis, restos de comida e outras quinquilharias entupiam todos os bueiros em volta.
As pessoas que passavam por ali corriam, olhando para aquele céu estranho. Uma nuvem carregada olhava hostilmente para a Terra e seu estômago parecia esburacado, pronto para despejar o que parecia lhe incomodar.
Os ventos aumentaram. Num pequeno monte de areia, uma criança montava um lindo castelo. Sua mãe saiu e mandou que o garoto entrasse por causa do tempo. O garoto quis ficar. Não deu. Fora arrastado aos berros e tapas em sua cabecinha, tapas violentos e descontrolados. Em poucos segundos, seu castelo foi varrido pelo vento, tal como algo tão insignificante quando um pedaço de graveto.
As janelas se fecharam, a rua ia se esvaziando. O mundo ficava mais escuro.
Do outro lado da rua, ao lado de uma casa abandonada, um velho cão machucado e abatido olhava para o tempo e para os lados, pensando como iria se proteger da chuva. Ao se levantar sentiu um golpe no seu traseiro. Foi uma pedra atirada por um morador daquela rua, o que queria longe dali. O cachorro o reconheceu: era o seu ex-dono. Não foi até ele pedir carinho, apenas gritou de dor, e saiu rumo a um lugar mais seguro. O vento ofuscou a sua visão por causa da terra, e ao atravessar a rua não vira o carro que passara apressadamente. A sua sorte é que o carro freara em cima. Foi xingado, mas não ligou, resolveu esconder-se embaixo da cobertura de uma igreja. Agora era só deitar e esperar que aquele mau tempo passasse.
E o tempo foi-se fechando. Os ventos mais fortes. A rua deserta. O nada como nunca.
Era o inicio de uma chuva forte.
Que as suas portas e janelas estejam bem fechadas e sejam bem resistentes. Caso não tenha nada disso, proteja-se em algum local seguro.
A chuva está chegando...
Mas pelo menos, a chuva fará bem às árvores fortalecendo as suas raízes, e as sementes crescerão ainda mais.
Mas pelo menos, a chuva fará bem às árvores fortalecendo as suas raízes, e as sementes crescerão ainda mais.
FOTO: http://www.metsul.com/__editor/imagemanager/images/julho2006c/raios_em_illinois_2.jpg
8 comentários:
Somos sujeitos a chuvas e trovoadas. Mas um bom alicerce e uma cobertura forte e carinhosa nos protege do mal. Saímos com alguns respingos, mas evitar que os raios nos atinjam é nossa missão e obrigação, assim como proteger aqueles que nos cercam.
Fiquei com dó do cãozinho... snif!
Beijos, Dan!
Gostei de maneira meio descritiva do seu texto, e a chuva tem que fazer bem alguém, fiquei com dó do cachorro .
Me lembrou Floripa, vento sul e medo que já senti... Na época, eu tinha uma ventania inteira dentro de mim, me destelhando inteira, como senti em vc.
Lindo...
Danilo.
É engraçado como eu te lendo lembrei do escritor Oscar Wilde. Ele consegue comover-nos bastante e faz uso dos sentimentos que os animais podem sentir.
Adorei mesmo!
;)
é engraçado como tudo é uma questão de olhar.... de prisma.... tudo pode ser bom... ou menos bom.. dependendo do momento... é... lindo texto!!!!
Beijos Mila
Chuvas, caes, árvores... é pra pensar...
Belo texto.
Inté!
Caramba.....me colocando no meio do post, que as tempestades em minha vida tenham sessado. hehehehehehe.
Cara, demorei mas vim. Ta dificil eu atualizar meu blog e de reponder, mas vim aqui :)
Muito obrigado viu?! Grande abraço!
Chuva que clareia nosso sentido.. e em nuvens tenebrosas saceiam nossa sede de visão..
Que o dia amanheça aqui, ali ou em qualquer lugar em forte sol.
Abçs meu caro,
Texto de hoje: sEm reSerVaS...
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