Peguei a minha mochila e saí de casa para ir trabalhar. A empresa que eu trabalho fica perto da minha casa, coincidentemente no prédio onde era a minha antiga escola. O tempo estava meio nublado, e eu também parecia ter nuvens na cabeça. Não sabia porque mas me sentia tão avoado naquele dia...
Chegando lá, como de costume, cumprimentei os meus colegas, uns com um beijo no rosto, outros com um tapa na cabeça, outros apenas de longe, outros com toque de malandro da periferia, outros com um sorriso, e em seguida sentei na minha cadeira para iniciar mais um dia de trabalho.
Liguei o meu micro, quando de repente me bateu algo na cabeça. Olhei para os lados. Havia algo muito estranho naquele ar já poluído de inveja e outros sentimentos negativos.
Mas dessa vez, parecia que a coisa era comigo. Todos me olhavam sérios e com cara de que eu havia feito alguma coisa. Achei estranho, porque tinha certeza de que não havia feito nada de diferente e nem fora das normas da empresa.
E então, constrangido pelos olhares, cheguei até a uma amiga com quem tinha mais intimidade, e perguntei à ela se havia acontecido alguma coisa e porque todos estavam me olhando daquele jeito. Ela não respondeu, e também ficou me olhando com a mesma cara espantada.
Foi então que olhei para o display do aplicativo no micro de uma colega, e lá estava escrito “segunda-feira, 14 de abril de 2008”.
Foi aí que me dei conta do que havia acabado de fazer.
Na hora, as minhas pernas ficaram bambas, e após olhar aquela data eu simplesmente não sabia onde enfiar a cara.
Tinha me lembrado, simplesmente, que estava de férias, e desde o dia 1º de abril.
Sai de lá rasgando e escondendo o rosto para que ninguém mais me visse, principalmente o meu supervisor, e furioso porque saí de casa e minha mãe que estava lá não tinha sequer me lembrado.
E fiquei com aquilo na cabeça, assustado, afinal, há tanto tempo que esperava essas férias e de repente, acontece isso.
E de repente, me vejo assustado, ofegante e ainda com aquele cenário na cabeça.
Havia acabado de acordar. Havia tido, simplesmente, um sonho.
Sonho é uma coisa curiosa. Me lembro ouvindo historias quando era menor, que quando a gente sonhava, significava que nosso espírito saia da gente e ficava vagando por ai e depois voltava ao nosso corpo. Ou então quando a gente uma coisa é porque na vida real vai acontecer o contrário.
Sonho é uma coisa curiosa. Me lembro ouvindo historias quando era menor, que quando a gente sonhava, significava que nosso espírito saia da gente e ficava vagando por ai e depois voltava ao nosso corpo. Ou então quando a gente uma coisa é porque na vida real vai acontecer o contrário.
Já sonhei com situações bem malucas, e com pessoas que conheço na vida real mas que não se conhecem entre elas. Ou então com personagens de filmes, novelas e seriados que marcaram a minha infância, adolescência, ou que assisto até hoje. E engraçado que, dependendo do sonho e do local que sonhei, acordo com ele na cabeça, como se eu ainda estivesse por lá. Parece que a gente está em transe...
E quando se tem aqueles sonhos eróticos, algo como aquela cara ou aquela gata que você está a fim faz tempo, e ela está bem ali, pronto(a) para você... vocês começam a se beijar, o clima vai esquentando... e de repente... PUF, você acorda bem na hora H. Bate aquele desespero, e você volta a fechar os olhos na tentativa de resgatar aquele sonho. Mas não adianta, ele não volta. E você fica ali na cama, chupando o dedo...
Há também aqueles sonhos estranhos que nós temos, geralmente com alguma situação diferente, e de repente ela acontece. São os sonhos premonitórios, que muita gente acredita e existem livros especializados em deduzir cada detalhe do sonho, seja para esclarecer algo que esteja atormentando as noites de sonho de alguém, seja para matar a curiosidade do leitor, ou seja simplesmente para jogar no bicho.
No caso do sonho que contei, o curioso é que na época estava mesmo de férias, porem o meu trabalho na verdade fica a mais de uma hora daqui de casa, isso de ônibus. Mas a origem dela foi um simples comentário no dia anterior que estava ainda estranhando essa rotina de não precisar de arrumar para sair e pegar esse transito caótico de São Paulo.
Sendo conclusivo, para mim o sonho é de certa forma a nossa “Second Life”, mas sem regras, cada dia com uma história diferente, cada momento com personagens e atitudes diferentes, mas o bacana é poder sair um pouco do nosso mundo e embarcar nessa fantástica sensação de estar vivendo uma outra realidade, muitas vezes algo que no fundo desejamos, mas por algum motivo externo está distante.
E tudo isso sem tecnologia, sem efeitos especiais e nem computadores inteligentes.
É apenas um trabalho cotidiano da nossa cabeça, e de graça.
FOTO: http://www.theage.com.au/ffximage/babelswarm_wideweb__470x313,2.jpg