
Pense em um(a) grande amigo(a) seu (sua).
Pense agora no que você mais gosta nele(a).
Pense nos momentos bacanas que você viveu com ele(a).
Sentiu algo dentro de si. Alguma sensação de nostalgia, um sentimento de orgulho por tê-los conhecido? Amizade é mesmo algo bacana, afinal, nada como ter uma pessoa ao nosso lado como nossa companheira de caminhada. Muitas vezes a torna menos maçante.
Porém, sobre toda e qualquer amizade, existe um pequeno obstáculo, algo que muitas vezes pode provocar mágoas recíprocas e abafadas, ou até mesmo destruir uma grande amizade. Óbvio que não é somente um obstáculo, mas há vários, porém, o deste texto já engloba quase todos.
Pense agora nos defeitos de seu(sua) amigo(a).
Pensou?
Pense agora em algo que ele(a) tenha feito que tenha te magoado.
Pensou?
Bateu uma sensação ruim? Algo abafado, ou a lembrança de alguma situação difícil que você tenha vivido com ele? Lembrou-se de alguma briga, alguma discussão, ou algo que em nome da amizade, na hora, você preferiu se conter?
É complicado quando algo que nos magoa venha de alguém que consideramos muito. Machuca muito mais do que se viesse de qualquer outra pessoa.
Porém, é nessas horas que acabamos nos defrontando com um dilema: o que vale mais, a nossa auto-afirmação, ou a amizade?
Há certas situações em que, para não acumular algo dentro de nossa garganta, acabamos pondo tudo que fora, muitas vezes de maneira agressiva. Pior é quando depois disso percebe-se que a relação mudou, que vocês não são mais amigos como antes, que aquelas coisas que vocês faziam juntos agora ficaram no passado. Ego preservado. Amizade derrubada.
E agora? O que fazer? De repente, vêm-se lembranças dos momentos que passaram juntos. Tristeza. Nostalgia. Saudades.
Vem, de repente, um questionamento se o que você fez foi certo ou não, se o que ocorreu teria sido tão grave a ponto de arrancar farpas suas e destruir uma amizade?
E agora, se fosse o contrário, e em nome dessa amizade, guarda-se aquilo para dentro de si, prefere não comentar “porque fica chato” ou “é algo tão estúpido que não vou estragar a nossa amizade por causa disso”.
Tudo certo, vocês continuam amigos(as) e juntos(as).
Porém, com o tempo, percebe-se que ficou uma coisa incômoda na garganta, algo como uma pequena pílula travada que vai cutucando a gente por dentro, de preferência quando você está com essa pessoa, e é aí que mora o perigo. Com o passar do tempo, e até mesmo com a repetição da situação, a pílula vai se tornando uma verdadeira bomba presa na garganta, e quando resolve explodir, explode-se de uma vez na cara da pessoa, e da pior maneira possível. Cria-se a mesma situação de quando de início pomos tudo para fora: fica-se sem se falar, cada um no seu canto, vem-se o remorso, só que, neste caso, complementa-se um sentimento de rancor dos dois lados, pelas coisas ditas, e principalmente, pelas ouvidas. E tudo no calor da situação.
Pois é, e então, afinal, o que fazer?
Nada melhor que o diálogo, chegar e falar o que aconteceu, e se a amizade for mesmo importante para ambos, tudo isto estará resolvido em questão de tempo, afinal, mesmo enterrado numa terra lamacenta e cheia de vermes e micróbios, o ouro não deixa de ser precioso.
Talvez dessa história toda, a única coisa certa mesmo é o quanto é difícil lidar com as pessoas...
FOTO: http://www.fcarp.edu.br/revista/nov2006fev2007/imagens/tolerancia.jpg