domingo, 27 de julho de 2008

Ô Aperto!!!


Houve, num certo dia, num programa que agora não me recordo ao certo, uma matéria com nada mais nada menos que Silvio Santos em sua luxuosa mansão em Miami, naquela época em que estourou o boato (que ele fez questão de inventar) que estava com pouco tempo de vida.

O repórter perguntou se ele costumava vir a Miami e qual a diferença de São Paulo e lá.
Silvio respondeu:

- (...) São Paulo hoje está muito apertada, com gente em tudo que é canto, carros em tudo que é canto (...)

Se naquela época, cerca de sete anos atrás, ele já via São Paulo assim, que dirá hoje, se for perguntado novamente.

São Paulo é uma megalópole que já ultrapassou a marca dos dez milhões de habitantes, e aliado À isso conta com uma frota de quase seis milhões de veículos. Cerca de três milhões de pessoas utilizam o ônibus como transporte. São também já tem a segunda maior frota de helicópteros do planeta, e possui o aeroporto mais movimentado do país, Congonhas.

Diante desses números enoormes e entre outros que não vale a pena citar, não é de se espantar o recorde de congestionamentos que mês a mês se superam, não importa o horário. Fora a lotação dos trens, ônibus e metro, que explicitamente já não comporta mais o número de passageiros do dia-a-dia.

São Paulo também é a capital das filas. Fila para pagar as contas, fila para passar no caixa do supermercado, fila para carregar o bilhete de ônibus, fila para entrar no cinema, fila para andar na Rua 25 de Março, fila para subir no ônibus, no metrô, nos trens; fila para almoçar, fila para entrar num estacionamento, fila para sair dele, fila para passar no médico, para marcar consulta, e até para atravessar um cruzamento.

E agora, analisando tudo isso, me pergunto, se São Paulo tem cerca de 100 Km2, e grande ao ponto de um bairro do extremo sul ser 60 Km distante do Centro, porque ainda sem ela está tão apertado?

Isso é fruto de um processo de crescimento e ocupação desordenado que durante décadas atropelou as reservas naturais e que através de uma falta de planejamento urbano resultou em avenidas principais apertadas, um amontoado de ruas e casas mal distribuídas e todo um contingente populacional que inchou a cidade, e a administração municipal não acompanhou este ritmo de crescimento proporcionando estrutura e qualidade de vida para essa população.

Eis o resultado: transito caótico, previsão de que este trânsito caótico entre em colapso no prazo de cinco anos, filas para todos os cantos, desemprego, falta de opções de lazer nas periferias (obrigando os moradores a se deslocarem para outros cantos e assim gerando mais trânsito), hospitais e postos de saúde lotados, e tudo mais que uma metrópole possui. Vale ressaltar que é um problema que ocorre em quase todas as grandes cidades pelo mundo, especialmente as de paises em desenvolvimento como o Brasil.

E agora leitor, com os olhos abertos e fixados para o futuro, eu pergunto, aonde isso vai parar?


FOTO:
http://www.eternatpm.com/wp-content/uploads/2008/05/metro_lotado.jpg

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Que Ficou Pelo Caminho


Queria encontrar comigo mesmo
Observar os momentos que acimentaram os meus pilares
Voltar a admirar as virtudes cujas luzes me tornaram observado
Correr descalço pelo asfalto com olhos curiosos à procura do meu horizonte
Sentir o vento alisar a pele cuja adolescência deixava os seus carimbos.

Queria encontrar comigo mesmo
Assistir às jóias raras que antes eram tão comuns aos meus dias
Voltar a demarcar os territórios que pretendia percorrer
Olhar as formas didáticas com que impus o meu eu
Olhar o amor como um sentimento virgem a ser explorado.

Queria encontrar comigo mesmo
Assistir os tapas que me deram enquanto eu mesmo amarrei as minhas mãos
Observar as vezes que as minhas costas viraram porta bagagem de gente que não merecia
Rever as vezes que atiraram o meu ego para um universo distante e sombrio
Perceber as vezes que joguei meu eu para um rio afastado de todos os outros.

Queria encontrar comigo mesmo
Rever as bandeiras que finquei neste chão que parecia ser mais claro
Olhar com olhos de menino as bandeiras ainda a serem conquistadas
Visitar os arquivos complexos dos meus crimes e danos morais
Relembrar as pessoas que hoje estão em outros planos.

Queria encontrar comigo mesmo
Sem querer corrigir os erros de grafia do meu livro vital
Sem querer atirar na coluna para desmoronar as fortalezas que me esmagaram
Apenas queria olhar nos meus olhos passados
Pedir-me um colo a amparar todo o meu corpo maior que eu
Perguntar-me afinal, o que foi que eu perdi comigo
Já que sinto meus olhos moldados com sombras e realismo venenoso.

Simplesmente, há algo que você, rapaz que eu era, construiu na sua vida
Mas na passagem do tempo eu acabei me esquecendo com você
Não sei se poderás me devolver
Mas pelo menos tenha compaixão de mim
E me deixe saber o que é.

O algo que ficou pelo caminho...

FOTO: http://ncoisasparapensar.blogspot.com/2007/11/recto-recto-recto.html

Selo Esse Blog É Consciente

Hoje de manhã recebi do grande Stanley do Antologia Racional o selo Esse Blog É Consciente, que já diz tudo. São para blogs que realmente tem o que mostrar, e principalmente, o que dizer.

E agora, orgulhosamente, os meus indicados:


Para os indicados, o link do selo está na coluna ao lado.

E mais uma vez, obrigado, muito obrigado.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Uma Tinta Descascada


Abriu a porta do quarto de maneira devagar. Estava cansado. Seus olhos estavam estranhos, como quem olhava para um ponto fixo no horizonte.

Sentou-se em sua cama. Observou o seu quarto. Um pôster mofado do Queen, um quadro com uma paisagem marítima, algumas correntes penduradas e paredes rachadas com várias marcas de tinta descascada.

Era estranho. De repente, o rapaz começou a olhar para os objetos à sua volta. Tudo largado, empoeirado, amontoado. Viu seu quarto num completo estado de decadência. E pensar que, anos atrás, ele já fora mais organizado.

E então, os olhos estranhos do rapaz passaram a olhar para a janela, ainda aberta mesmo já sendo onze da noite. percebeu o quanto sua rua havia mudado. Tinha até uma arvore perto do portão do seu Mario que agora estava cortada. Quando haviam a cortado? Ele já brincara tantas vezes naquela arvores quando moleque... Percebeu também quem algumas casas estavam diferentes, e olhando bem, tinha uma que nem existia mais. Era só entulho! Aquela casa era a mais antiga da rua, e a mais bonita também, com sua fachada rica em detalhes típicos de casa antiga.

Percebeu também a ausência de alguns vizinhos. O Luis que vivia jogando bola até as duas da manha, a Marina, que vira e mexe aparecia vendendo nas casas os seus produtos da Avon e bijouterias, o Cadu, que vivia dizendo que ia ser policial quando crescesse, onde estavam todos? Será que ainda moravam por ali?

Resolveu fechar a janela já que estava tarde. Era hora de tomar um bom banho e ir dormir.

Ao virar-se em direção a porta, o rapaz se deparou com seu espelho. Parou. Passou a se observar. Há tempos que ele usava a mesma blusa, verde desbotada e batida. Aquela calça jeans também já estava bem velha. E seu tênis então? O mesmo estilo, sempre. Seu cabelo também estava grande. Precisava dar uma aparada. Nossa, e quanto tempo que ele não passava um gel? Tinha gel ainda, estaria vencido?

Estava mais magro, abatido. Nunca tinha reparado: seu rosto estava mais fundo, assim como a região do pescoço. Tirou a camiseta. Estava mesmo mais magro.

Em seguida, tirou o restante da roupa, foi tomar banho. Ao voltar, abriu seu guarda roupa. Junto às suas camisetas havia dois livros, um de atualidades e o outro um guia de profissões. Ambos datavam de 2004, ou seja, já estavam ali há quase 4 anos. Nem lembrava mais deles. Isso porque durante um tempo estes foram as suas bíblias, mas que no fim, não deu em nada. Lembrou-se que seus antigos colegas de escola já estavam cursando superior, enquanto ele ainda estava ali, apenas trabalhando na sua função de caixa numa rede de fast-foods.

Se vestiu, arrumou sua cama, apagou a luz. Deitou-se, ainda bastante pensativo. Era engraçado porque até naquele dia de manha ele era a mesma pessoa, mas bastou encontrar um antigo amor, casada, formada em administração, e um grande amigo da escola que não fazia nada, repetiu várias vezes de ano, e agora estava cursando Economia na USP, que o rapaz abrira os olhos, e passou a enxergar as coisas como elas realmente estavam.

Viu sua vida, simplesmente, se tornar uma tinta descascada, assim como as paredes do seu quarto.

E concluiu: era hora de pintar um novo quadro.

Na vida todas as coisas mudam. A diferença é que, para quem pára no tempo, a mudança é a sua própria degradação.


FOTO: http://intensafenix.blogspot.com/2007/10/transio.html

domingo, 13 de julho de 2008

O Instinto de Sobrevivência


“O empresário Pedro Ivo de Torres Souza, 21 anos, que matou um de seus seqüestradores e fugiu de seu cativeiro na cidade de Americana, interior de São Paulo, afirmou em entrevista ao Fantástico que não repetiria o ato e que não aconselha ninguém a tomá-lo como exemplo.(...)”

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2908161-EI5030,00.html

É engraçado como de uma hora para outra o ser humano que habitualmente costuma ser racional e civilizado se torna um animal irracional e seguidor dos seus próprios instintos, especialmente o de sobrevivência, podendo até se tornar um assassino.

A atitude deste jovem empresário seqüestrado é a prova de como há momentos em nossa vida que a situação parece nos empurrar para deixar a nossa civilidade de lado, e a tomar certas atitudes aos nossos olhos até condenáveis, mas que num momento de desespero, parecem ser a única saída.

A violência urbana é a prova disso. Pessoas comuns e que normalmente são inofensivas e de bom coração se vêem humilhadas na mão de assaltantes e passando por situações até desumanas. Obvio que, uma hora, baterá um sentimento de que você precisa se defender daquilo. E dependendo do momento, ele pode explodir antes mesmo que possa controlá-lo.

Mas é aí que se cria um paradoxo. Há limites para se aceitar certas atitudes como a do empresário, ou tudo que se faz na tentativa de se defender e sobreviver mediante uma situação extrema é válido?

Por exemplo, numa região onde a fome é alta, chega algum caminhão com mantimentos, o “normal” e aparecer uma aglomeração de famílias em busca daquela comida. Mas como não há para todos, a tendência é haver uma disputa para conseguir a maior quantidade, nem que se precise atropelar quem estiver na frente ou puxa-lo para fora do seu caminho. E nessas horas dane-se quem seja, se é criança, mulher, idoso, é a sobrevivência que está em jogo. Mas e a questão do respeito ao próximo, e a noção de organização, de saber dividir, de coletividade, onde ficaram?

É apenas um exemplo de que num momento desses, tudo isso fica para trás, mas também fica os prejudicados pelo caminho.

No caso desse empresário é um pouco diferente. Ele foi seqüestrado, ele matou aquele que poderia ter lhe matado. Chamou a atenção da mídia por esse fato. Muitos o aplaudiram porque acham que “bandido bom é bandido morto”.

Mas no dia a dia, o instinto acaba sempre aparecendo. Há um sentimento coletivo de que ninguém pensa em ninguém, por isso, “também vou pensar só em mim”. Há também um descrédito com a justiça (que também dá MUITOS motivos), por isso, muitos acabam por achar que fazer justiça é a melhor solução, mesmo que essa só exista na cabeça dele, e o quadro na verdade seja outro.

Mas, dependendo da situação, e é esse o problema, reagir com o instinto pode muitas vezes voltar contra si mesmo, ou na própria morte, ou no próprio remorso.

Uma coisa é certa nesse caso do empresário: uma situação de desespero é capaz de derrubar todos os conceitos de uma pessoa, e a tornar um ser movido à sua própria força, e muitas vezes, à sua própria fúria.

Mas, é tão arriscado, que no fim das contas, poderá piorar a situação ainda mais.

Mas sendo sincero, não sei o que faria se estivesse no lugar dele. É algo que só mesmo quem viveu pode saber.

E você, já pensou nisso?


FOTO: http://www.estadao.com.br/fotos/machado292.jpg

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sessão Nostalgia 3 - Mais comerciais antigos


Olá leitor(a).

Bem que eu tentei, mas parece que a horta das minhas idéias andou secando nesse fim de semana. Por isso, resolvi postar mais uma vez algumas pérolas que achei no youtube.

São comerciais antigos, a maior parte deles dos anos 90. Algumas empresas nem existem mais, como o Banco Bamerindus, mas alguns de seus slogans e bordões continuam vivos na memória da gente e vira e mexe acabamos pronunciando por aí.

Bem, é isso. Divirta-se, e tenha uma ótima semana.


Mesbla (com Tv Colosso) - 1994




Philco (Formiguinhas) - 1997




Bamerindus (Forró) - anos 90




Skoll (Velhinhas) - 2000



FOTO:
http://www.fernandopaes.ppg.br/blog/wp-content/uploads/2008/05/poupanca_bamerindus.jpg