domingo, 30 de março de 2008

Primavera Nos Dentes


"Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que reiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primavera."

Secos & Molhados - Primavera nos Dentes


Que a sua engrenagem esteja sempre pronta para atender ao mais profundo desejo de alcançar todos os seus sonhos.

Se o inverno e suas mãos agressivas vierem destruir as suas estruturas, morda o resto da primavera que estiver dentro de você, e segure-o pelos dentes, a fim de não deixar o seu perfume e as suas sementes caírem nos porões do seu próprio esquecimento.

Tenha uma ótima semana.


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FOTO:
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domingo, 23 de março de 2008

Amizade, E Uma Pequena Pílula Travada


Pense em um(a) grande amigo(a) seu (sua).

Pense agora no que você mais gosta nele(a).

Pense nos momentos bacanas que você viveu com ele(a).

Sentiu algo dentro de si. Alguma sensação de nostalgia, um sentimento de orgulho por tê-los conhecido? Amizade é mesmo algo bacana, afinal, nada como ter uma pessoa ao nosso lado como nossa companheira de caminhada. Muitas vezes a torna menos maçante.

Porém, sobre toda e qualquer amizade, existe um pequeno obstáculo, algo que muitas vezes pode provocar mágoas recíprocas e abafadas, ou até mesmo destruir uma grande amizade. Óbvio que não é somente um obstáculo, mas há vários, porém, o deste texto já engloba quase todos.

Pense agora nos defeitos de seu(sua) amigo(a).

Pensou?

Pense agora em algo que ele(a) tenha feito que tenha te magoado.

Pensou?

Bateu uma sensação ruim? Algo abafado, ou a lembrança de alguma situação difícil que você tenha vivido com ele? Lembrou-se de alguma briga, alguma discussão, ou algo que em nome da amizade, na hora, você preferiu se conter?

É complicado quando algo que nos magoa venha de alguém que consideramos muito. Machuca muito mais do que se viesse de qualquer outra pessoa.

Porém, é nessas horas que acabamos nos defrontando com um dilema: o que vale mais, a nossa auto-afirmação, ou a amizade?

Há certas situações em que, para não acumular algo dentro de nossa garganta, acabamos pondo tudo que fora, muitas vezes de maneira agressiva. Pior é quando depois disso percebe-se que a relação mudou, que vocês não são mais amigos como antes, que aquelas coisas que vocês faziam juntos agora ficaram no passado. Ego preservado. Amizade derrubada.

E agora? O que fazer? De repente, vêm-se lembranças dos momentos que passaram juntos. Tristeza. Nostalgia. Saudades.

Vem, de repente, um questionamento se o que você fez foi certo ou não, se o que ocorreu teria sido tão grave a ponto de arrancar farpas suas e destruir uma amizade?

E agora, se fosse o contrário, e em nome dessa amizade, guarda-se aquilo para dentro de si, prefere não comentar “porque fica chato” ou “é algo tão estúpido que não vou estragar a nossa amizade por causa disso”.

Tudo certo, vocês continuam amigos(as) e juntos(as).

Porém, com o tempo, percebe-se que ficou uma coisa incômoda na garganta, algo como uma pequena pílula travada que vai cutucando a gente por dentro, de preferência quando você está com essa pessoa, e é aí que mora o perigo. Com o passar do tempo, e até mesmo com a repetição da situação, a pílula vai se tornando uma verdadeira bomba presa na garganta, e quando resolve explodir, explode-se de uma vez na cara da pessoa, e da pior maneira possível. Cria-se a mesma situação de quando de início pomos tudo para fora: fica-se sem se falar, cada um no seu canto, vem-se o remorso, só que, neste caso, complementa-se um sentimento de rancor dos dois lados, pelas coisas ditas, e principalmente, pelas ouvidas. E tudo no calor da situação.

Pois é, e então, afinal, o que fazer?

Nada melhor que o diálogo, chegar e falar o que aconteceu, e se a amizade for mesmo importante para ambos, tudo isto estará resolvido em questão de tempo, afinal, mesmo enterrado numa terra lamacenta e cheia de vermes e micróbios, o ouro não deixa de ser precioso.

Talvez dessa história toda, a única coisa certa mesmo é o quanto é difícil lidar com as pessoas...


FOTO: http://www.fcarp.edu.br/revista/nov2006fev2007/imagens/tolerancia.jpg

domingo, 16 de março de 2008

Veias Nocivas


Esmurrando meu ago
Esmurrando meu ego
Esmurrando
Esmurrando
EsmurrANDO

A cada passo que percorro carregando nas costas minha mochila de marca e com todos os tesouros que conquistei, percebo que minhas pernas estão se cansando. São as veias nocivas que distorcem o que eu quero e tentam destruir aquilo que há de melhor em mim.

Mas não vão conseguir
Não vão conseguir
Não vão conSEGUIR

As veias nocivas não são minhas
Pertencem a todos que me odeiam
A todos que me invejam
A todos os incompetentes
A todos os competentes na arte de usar as palavras como metralhadoras a matar

Matar nossos sonhos
Matar nossos castelos
Matar nosso ego
Matar nosso caráter
Matar a nós mesmos

As facas voam em minha direção
As pedras voam em minha direção
As moscas voam em minha direção
Meu eu voa em minha direção

Desvio-me de todos, porém, do meu EU preciso dar satisfações.

Dou meu sangue àquilo que acredito
Faço meu corpo escravo do meu desejo de esforço
Solto flores, perfumes, dinheiro e conteúdo

Mas há a raça malDITA apenas cata no ar o dinheiro
Pegando o restante, torcendo e jogando na minha e na cara de todos
Para que eu caia nos braços espinhosos da satisfação a mim mesmo e aos outros

Mas eu não vou cair
Não vou cair
Não vou caIR.

Vou abrir os olhos
Abrir meus caminhos
Mudar meu caminho


E mostrar às veias nocivas àquilo que elas mais detestam:
O ESPELHO

Mais fácil olhar o esgoto encanado das pessoas, ao olhar o seu próprio à céu aberto.
A diferença que todos nós o temos
Mas ao encaná-los, o que está acima é somente o nosso melhor.

Metralhe as veias nocivas com um beijo de indiferença, porque suas paredes frágeis o farão se despedaçar em puro sangue, como lágrimas representantes do machucado profundo que é o ReMorSo.

Remorso por estarem abaixo daquilo que no fundo no fundo, eles pretendem ser.

Até eles caírem
Caírem
caIREM
IREM...


FOTO: http://cora.festim.net/archives/fofoca4.jpg

domingo, 9 de março de 2008

Política: O Melhor Partido

Qual é a sua visão política?

Esquerda, Direita, Centro, Neoliberal, Comunista, Falo Grego ou simplesmente você abomina esse assunto?

Ouve-se por aí que futebol, política e religião não se discutem. Depende. No caso de política, e até necessário se discutir, afinal, engloba um conjunto de fatores, onde há a questão da educação, saúde, saneamento, segurança e se o seu candidato ou os candidatos do seu partido já fizeram algo de útil nessas áreas.

O problema é quando essa discussão realmente se torna uma discussão, chegando a partir para a ignorância. Não é novidade na História que visões políticas diferentes geraram confrontos, às vezes em cima de um palanque, outras vezes chegando a matar milhões de pessoas e arrasar vários países.

Nos tempos da ditadura, quem era da Direita exaltava os benefícios do milagre brasileiro, e achavam as pessoas da Esquerda arrogantes, caretas (no sentido de serem avessos à moda, fruto do consumismo capitalista) e com idéias absurdas. Já os da Esquerda (quando podiam falar que eram da Esquerda, se isso não implicasse na perda de sua própria vida), considerava os da Direita gente alienada, consumista, capitalista e de cabeça pequena. Houve um tempo em que um cara da Esquerda nem se aproximava de uma garota só por ela ser do lado oposto, e se ficasse, seus amigos com certeza o excluiria da roda chamando-o de traidor.

Hoje a coisa já é diferente. Temos garantido o direito de expressar a nossa opinião. Mas sabemos que há pessoas que exageram.

Por exemplo, experimente criticar o Lula para um petista fanático para ver o que acontece. Mensalão, escândalos, gafes, projetos inacabados, dane-se o que ele fez ou deixou de fazer, esta pessoa irá defender a ele e ao PT até a morte, e ai de você se discordar. Com certeza ele irá exaltar os melhores feitos de todos os políticos do partido, e atacar pesadamente o candidato ou partido que você gosta, não interessa qual, mas ele deixará bem claro que você está errado e ponto final. O mesmo aconteceria se, o candidato criticado fosse o Serra, o Maluf, entre outros.

E nós sabemos que em época de eleições, vê-se quase um clima de copa do mundo. Vários torcedores fanáticos pelos seus partidos e pelos seus candidatos. Nos bares, nas ruas, nas praças e em todo lugar, verdadeiros bate-bocas sobre quem é melhor, isso se não virar briga. Mas e depois quando se passa, lembra-se de qual candidato votou? Pode-se até lembrar, mas quero ver quem lembra de TODAS as promessas que foram feitas, e quais foram realmente cumpridas.

Quando se discute política, o principal que se deve ter é bom senso, saber falar e principalmente saber ouvir. Não é porque tal pessoa é de tal partido que ela será a melhor opção ou vice-versa. Não é porque eu acho tal candidato ruim que meu amigo ou minha namorada não tenha o direito de achá-lo bom. A gente pode discordar, porém discordar é uma coisa, condenar é outra.

Portanto, antes de expôr o que se entende de política, o melhor mesmo é expor o que se tem de bom senso. E esse, na minha opinião, é o melhor partido.


FOTO: http://www.codinghorror.com/blog/images/street_fighter_blanka.jpg

sábado, 1 de março de 2008

Uma Chuva


Os ventos passaram a varrer com mais ódio. As árvores, antes mansas, agora se sacudiam com os tapas que levavam, perdendo várias folhas e pintando a grama de folhas amareladas e mortas. E era à força.

Na rua, cinzenta e vazia, com buracos nas calçadas e remendos no asfalto tão mal feitos, via-se o lixo sendo carregado pela mesma fúria. Várias latas de alumínio, copos descartáveis, restos de comida e outras quinquilharias entupiam todos os bueiros em volta.

As pessoas que passavam por ali corriam, olhando para aquele céu estranho. Uma nuvem carregada olhava hostilmente para a Terra e seu estômago parecia esburacado, pronto para despejar o que parecia lhe incomodar.

Os ventos aumentaram. Num pequeno monte de areia, uma criança montava um lindo castelo. Sua mãe saiu e mandou que o garoto entrasse por causa do tempo. O garoto quis ficar. Não deu. Fora arrastado aos berros e tapas em sua cabecinha, tapas violentos e descontrolados. Em poucos segundos, seu castelo foi varrido pelo vento, tal como algo tão insignificante quando um pedaço de graveto.

As janelas se fecharam, a rua ia se esvaziando. O mundo ficava mais escuro.

Do outro lado da rua, ao lado de uma casa abandonada, um velho cão machucado e abatido olhava para o tempo e para os lados, pensando como iria se proteger da chuva. Ao se levantar sentiu um golpe no seu traseiro. Foi uma pedra atirada por um morador daquela rua, o que queria longe dali. O cachorro o reconheceu: era o seu ex-dono. Não foi até ele pedir carinho, apenas gritou de dor, e saiu rumo a um lugar mais seguro. O vento ofuscou a sua visão por causa da terra, e ao atravessar a rua não vira o carro que passara apressadamente. A sua sorte é que o carro freara em cima. Foi xingado, mas não ligou, resolveu esconder-se embaixo da cobertura de uma igreja. Agora era só deitar e esperar que aquele mau tempo passasse.

E o tempo foi-se fechando. Os ventos mais fortes. A rua deserta. O nada como nunca.

Era o inicio de uma chuva forte.

Que as suas portas e janelas estejam bem fechadas e sejam bem resistentes. Caso não tenha nada disso, proteja-se em algum local seguro.

A chuva está chegando...

Mas pelo menos, a chuva fará bem às árvores fortalecendo as suas raízes, e as sementes crescerão ainda mais.


FOTO: http://www.metsul.com/__editor/imagemanager/images/julho2006c/raios_em_illinois_2.jpg