sábado, 25 de agosto de 2007

Entre Asfalto e Paredes


O rapaz está sentado no asfalto, cabeça baixa, ego baixo.

Olha em seu relógio. Cada hora dividida em compromissos. Cada minuto dividido em etapas de compromissos. Cada segundo dividido em partículas de poluição amparadas nos pulmões dos desejos de nossos superiores em cumprir metas.

As metas da sua vida.

As metas do seu ano.

As metas do seu mês.

Da sua hora.

Dos seus minutos.

Dos seus segundos.

Seu paletó quente aperta o seu pescoço, quase o sufocando.

Há paredes por toda a sua volta.

As paredes são terríveis.

Surto.

Ele fica de pé. Quer sair dali.

Bateu a cabeça numa parede.

A perna raspou na outra.

O cotovelo bateu em outra.

E as suas costas se prensaram na de trás.

Tombo.

As paredes não o deixam passar.

Ele precisa sair.

Ver o mundo.

Ver a vida.

Ver-se.

Calor. Suor. Dó. O paletó está de novo o sufocando. Ele precisa sair dali antes que morra sufocado.

Parte para a agressividade.

Soca as paredes. As chuta. As pisoteia. As insulta. As empurra.

Nada. Cansara. Resolveu ignorá-las. Era hora de voltar para seus compromissos. Voltara para o chão. Começara a trabalhar. Não sei dizer o que é porque não limpei os meus óculos e estou sem lenço. A poluição está terrível e ás vezes mal consigo enxergar as coisas como elas realmente são.

E de repente, para a sua surpresa, as paredes se abrem.

E ele, esperto, sai.

Dia lindo.

Pessoas lindas.

Paisagens lindas.

Vida linda.

Liberdade.

Mas afinal, o que é que ele vai fazer mesmo?

...TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC...

Tédio. Ficar sem fazer nada era muito chato.

Começou a sentir falta do asfalto e das paredes.

Resolveu voltar para lá.

Compromissos. Hora, minutos e segundos. Que merda, cansaço e sufocamento de novo!

Mas sei lá... era melhor do que não fazer nada.

E assim, permaneceu entre as paredes, fechado com seus compromissos e apoiado no asfalto.

Na verdade, seus braços se acostumaram a se escorar nas paredes, e seu corpo, infelizmente, acostumara-se a repousar a sua carne e seus ossos passados naquele asfalto imundo.

Paciência, que venha a chuva e a tempestade...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Error: Not Server


Já parou para pensar no preço que pagamos por viver numa era de alta tecnologia?

Quantas vezes você já teve problemas em seu pc?

Quantas vezes você já se descabelou para acessar a internet (discada banga larga também) e simplesmente, ela trava, não carregando nada na hora em que você mais precisa?

Quantas vezes você já ligou em uma central de atendimento e por motivos quaisquer, não teve a sua solicitação atendida por estarem sem sistema?

Quantas vezes o seu celular esteve sem serviço, fora de área, ou quando você manda uma mensagem ela não chega ao seu destinatário?

Quantas vezes o seu orkut travou?

Quantas vezes você já mandou mensagens no msn, e depois de uma década ele informa que a mensagem não pôde ser entregue a todos os destinatários?

Quantas vezes o fone do seu MP3 já deu defeito?

Quantas vezes você foi pagar uma conta no dia do vencimento, e na hora, a caixa informa que está sem sistema?

Quantas vezes você já se matou de digitar aquelas letras tortas de segurança exatamente do jeito que está lá, e mesmo assim, e a porcaria diz que ela está errada?

Quantas vezes você quis usar o cartão de credito, com um carrinho cheio de compras, e o POS da loja estava sem sistema?

Preciso perguntar dos aeroportos? Do sistema aéreo?

Pois é, do que adianta ter tanta tecnologia se no fim, tudo acaba sem sistema?

Desse jeito, a gente é que vai acabar pifando...


PS: Essa postagem era para ter sido publicada mais cedo, porém, devido a um problema de acesso no blogspot, só consegui postar agora... é mole?

domingo, 19 de agosto de 2007

Delírio nº2


Ser bom
Ser mau
Sou bom
Sou mau
Sou ser bom
Sou ser mau

Bommausouser
Sersoumaubom
Sersoubommau

Sou Ser bom mau

Sou sEr bom mau

Sou seR bo...

Ser

Ser

Ser?

Ser? Ajude

Ser?? Maltrate Derrube

Ser??? Abrace Escute Lute

Ser???? Ame Respeite Se curve Ampare

Ser????? Separe Bate Inveje Dispare Acabe Repare

Ser?????? Brigue Ajude Maltrate Abrace

Ser??????? Derrube Escute Destrate Respeite Bate

Ser???????? Lute Trapace Se curve Inveje Ajude Dispare Ampare Escute

Malcriado
Mal visto
Malvado
Mal-amado

Bem quisto
Bem vindo
Bem aventurado
Bem visto

Senhoras e senhores, no tatame da mente humana eis os dois adversários: de um lado, o Bom, e do outro, o Mau.

Soa-se o gongo.

Os dois se pegam. Bom, obediente às regras, tentou acertar o seu inimigo, mas não conseguiu. Sem dó nem piedade, Mau tirou um pó de seu uniforme e tacou-o nos olhos de Bom, deixando-o cego para o resto do mundo. Bom fora burro, não se preveniu, agora teria que arcar com as conseqüências. Foi duramente nocauteado em quase todos os rounds.

No último round, Bom pensou em cegar os olhos de seu adversário esperando a sua visão voltar. Ela até então, não voltou. Furioso, o Bom surtou, e cego, pegou uma faca e partir para cima de Mau, quase cortando-lhe a cabeça. Foi preso na hora.

Mau era o campeão daquela luta.

Tempos depois, encarou mais adversários, porém sua trapaça do pó também foi descoberta, e ele também fora preso. A verdade é que o pó era o seu disfarce por ser um mau lutador.

Fim da luta entre Bom e Mau. Ninguém vencera. Sem troféus, nem nada.

Conclusão, eram, de certa forma, de níveis iguais. Tinham muito o que aprender.

Bom percebeu que a esperteza e a cautela de Mau era importante.

Mau percebeu que a honestidade e a perseverança de Bom era importante.

Valores.

No fim, a questão meio resolvida.

Não seja um bem mau

Não seja um mal bom

Faça a conta, e tire o resultado.

Verá que a soma dos dois dará um resultado final.

Em cada desejo, em cada ato, e em cada insanidade, trará mais aprendizados.

Mas lembre-se, a cabeça é sua, e as conseqüências também.

[bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom] [mau] [bom][mau]...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pena de Quem?

clique na imagem para amplia-la

Faz um certo tempo que eu pensava em falar desse assunto.

Não posso falar muito em outras cidades, mas aqui em São Paulo de um tempo para cá, tem aumentado e muito o número de pedintes.

Eles tocam na sua casa.

Te pedem no ponto de ônibus.

Te pedem dentro do ônibus.

Te pedem no meio do caminho.

E até nos Mc Donalds da vida.

Até entendo que a nossa cruel realidade social acaba por excluir pessoas e estas, só tem como opção de sobrevivência pedir esmola.

Mas, na verdade, o que realmente anda me incomodando, é que esse aumento de pedintes na verdade, não é composto na sua maioria de gente que realmente precisa.

São pessoas que são bem vestidas, até falam bem, são muito educadas, mas pedem esmolas.

Será que esse povo não se envergonha de viver da pena dos outros?

Dois casos, entre vários, me deixaram indignado.

Certa vez em Santo Amaro estava com uma amiga num ponto de ônibus quando veio um sujeito pedindo com licença e pedindo educadamente desculpas por interromper o nosso precioso tempo... para quê? Para pedir uma moeda. Pô, o cara estava tão bem vestido e falava até melhor do que eu!

O outro caso, eu juro, com toda a boa educação que tenho, só não lhe meti a mão na cara porque estava atrasado para ir trabalhar e também por não bater em mulher. Uma garota, quase da minha idade, me parou na saída de um supermercado pedindo que eu lhe comprasse sabe o quê? Uma calça! Isso mesmo, não era comida, moeda e nem nada, era uma calça! Respondi sem olhar um sonoro não tenho. Engraçado que lá perto, dia depois, eu encontrei essa mesma menina fuçando na internet em pleno Mc Donalds, e bem vestida.

Já ouvi histórias de gente juntando muita grana dessas moedinhas que arranjam por ai, e nós, os trouxas que trabalham, comemos o pão que o diabo amassou para ganhar, no líquido, às vezes menos que um salário mínimo, e esse povo que pode muito bem se virar como a gente, prefere viver da pena dos outros e se humilhar por moedas e dentre sonoros "nãos" ou total indiferença, e pior, esse povo consegue juntar um absurdo.

Uma vez, um rapaz vendedor de doces em ônibus, viu um homem literalmente chorando por trocados. Depois que o cara desceu, ele comentou algo que eu até hoje concordo em gênero, número e grau: quer ganhar dinheiro, ofereça algo em troca, não a sua “miséria”.

Sim, eu defendo esse pessoal que vende doces, e ainda sim, excluindo os chorões e os adeptos do velho, batido e irritante discurso cheio de gerundismos “Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando... etc.” Eles pelo menos vendem algo em troca, ganham dinheiro com seu suor, alguns até bem vestidos e com tênis da Nike, como um sujeito que eu vi outro dia.

Agora o que me irrita, é esse pessoal que não precisa, pedindo na maior cara de pau. E ainda tem gente que os ajuda.

Quando a pessoa realmente precisa, de certa forma, se percebe, mas na minha opinião, são pouquíssimas.

Fora aqueles que, além da cara de pau, quando você não ajuda, ainda ficam te rogando praga dizendo que amanha pode ser você, etc... Isso, definitivamente, é o fim.

Essa questão é muito complexa, porque eu sei que há os dois lados da moeda, porém, eu precisava deixar isso escrito, porque acho triste ver um velhíssimo mendigo ou uma criança naquele frio de lascar pedindo esmola na rua, mas pra esse povo bem apessoado que pede, sinceramente, estão precisando mesmo que lhe dêem vergonha na cara e coragem para serem gente por merecer.

Tá dado o recado. Essa é a minha opinião.

domingo, 12 de agosto de 2007

O Medo do Medo



Estou com medo de escrever sobre esse tema.

Medo de ser clichê.

Medo do resultado.

Medo de ele acabar não sendo sobre medo.

O medo, acima de tudo, parece um fantasma.

Quantas vezes nós temos medo de arriscar em algo novo?

Um trabalho novo.

Um projeto novo.

Uma roupa nova.

Um novo amor.

Um novo filho.

Ou então, diante das provas cotidianas da vida, algo como uma mudança no trabalho, de casa, de convívios sociais, de hábitos, e normas, e por aí vai.

Há medos mais letais, que como uma serpente venenosa, percorre cada veia de nosso corpo, provocando reações inesperadas, e às vezes, até fatais.

Medo de morrer.

Medo de perder alguém querido.

Medo de perder o emprego.

Medo de perder uma perna

Medo de doenças.

Há os medos coletivos, que deixam de ser apenas peculiares, juntando-se a uma comunidade só.

A violência.

As guerras.

As epidemias.

Aquecimento global.

Terremotos.

E por fim, há medos de nossa própria personalidade, como o medo de errar, o medo de falar, o medo de ouvir, o medo de dar errado, o medo pelos outro.

Mas definitivamente, há medos que são verdadeiras barragens na vida de uma pessoa.

Medo de curtir a vida.

Medo do fracasso.

Medo de tentar.

Medo de ser feliz ao lado de quem ama.

Medo da vitória.

O medo simplesmente dá medo, mas por outro lado, é a nossa maneira de se prevenir contra as ciladas do ser humano, da nossa vida e do destino.

O medo, simplesmente, pode te amparar em seu colo quente à principio, mas no fim, além de você não sair do lugar, de uma hora para outra, ele pode te jogar no chão, fazendo seu corpo cair na estrada da vida e ser perfurado pelas pedras pontudas do remorso.

Portanto, no teatro da vida, nunca deixe o seu medo ser o personagem principal. Restrinja-o, no máximo, como um figurante: dá mais realismo ao cenário, mas não interfere na sua história.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Em Linhas... de volta, pelo menos por enquanto...

Aos meus caros leitores dessa doideira, peço encarecidamente desculpas pela ausência, graças ao "apagão" que ocorreu aqui em São Paulo onde várias pessoas ficaram sem poder acessar SOMENTE o blogspot, ou então uma hora conseguia e outra já não entrava mais. Parece que hoje, pelo menos por enquanto, a coisa voltou a funcionar. Espero não ter mais problemas com isso, porque eu e muitos cidadãos já aturamos demais a incompetência quase que diária dos serviços que contratamos... mas isso será assunto para outra postagem.

SEGUE O CONTO ABAIXO: Tem Um Carro Me Seguindo!!!!

Tem Um Carro Me Seguindo!!!!


Dia ensolarado... tranqüilo... Numa rua como outra qualquer, às vinte para as sete da manhã, apenas algumas pessoas caminhavam por ali rumo aos seus afazeres. Uns iam para o trabalho, outros para casa, outros iam na padaria comprar pão para tomar café, outros apenas caminhavam por não ter o que fazer, e outros iam para a escola, assim como Thiago.

Tinha dezoito anos e estava no terceiro colegial. Tinha prova de matemática naquele dia. Em sua cabeça, muita preocupação e pouco estudo. Ele bem que havia tentado, mas não conseguiu estudar nada, desabou na cama de tanto sono. Agora, o que ele poderia fazer e tentar fixar alguma coisa durante o caminho, porém não dava mais tempo, ele tinha que correr antes que o portão da escola fechasse. E a prova seria na primeira aula. O que fazer? Colar? Hum... quem sabe. Ele era bom nisso. Mas normalmente a professora costumava dar provas bem diferentes. Como descobrir se a colega ao lado era igual? É... dureza... a casa ia cair.

E durante o percurso até a escola esse foi o assunto pendente na já confusa cabeça de Thiago. Porém ao atravessar uma rua, percebeu que um Opala preto totalmente blindado o acompanhava de longe, desde que saíra de casa. Seria impressão ou aquele carro estava realmente o seguindo? Seria uma... tentativa de seqüestro? Não. Não se costuma seqüestrar filhos de uma feirante e um servente de pedreiro. Mas então, o que seria?

Parou para ver o carro, porém, ao perceber que ele começou a acelerar na sua direção, Thiago passou a correr. O negócio era com ele mesmo. Mas péra aí! Se ele tava distraído, caminhando devagar, por que o carro já não o alcançou? E se ele fosse lá, ver quem e por que estava o seguindo? Às vezes era engano. Às vezes poderia ser algum amigo tirando uma com a cara dele. Poderia ser o pai da sua nova namorada verificando se aquele garoto que ele havia conhecido no dia anterior era mesmo um rapaz direito. Ou então algum investigador do DEIC achando que encontrou algum bandido perigosíssimo e estava tentando dar flagrante nele e nos seus possíveis comparsas. Ou então algum conhecido que não sabia se daria carona para ele ou não e até o momento ainda não havia decidido. Na dúvida, era melhor correr.

O carro continuava o seguindo, dessa vez mais rápido. Thiago entrou numa rua e em seguida pulou um muro, indo parar num terreno baldio, ficou alguns segundos escondido por ali. Silêncio total. Foi até um buraco no muro. Espiou. Nada na rua. Alívio. Subiu no muro e voltou a caminhar pela calçada tranqüilamente. A escola já estava perto. Porém mais à frente, o Opala preto o aguardava. Thiago parou, assustado. De repente, uma mão segurando uma pistola. Iriam atirar nele. Thiago disparou. A mão começou a atirar. Thiago virou numa outra rua e se escondeu atrás de um carro estacionado. O Opala parou bem ali. Thiago estava apavorado, tão apavorado que não conseguiu mais mexer as pernas. Era o fim, e pior, ele nem sabia o por quê. A mão apareceu com a pistola, e em seguida o resto do corpo. Thiago tapou os olhos de tanto medo e por isso não conseguiu ver quem era. Sentiu a pistola na testa. Ainda viu o dedo da pessoa apertando o gatilho. Mas por que tudo aquilo afinal? O que ele havia feito, sendo que ele sempre foi um rapaz do bem?

Foi então que num piscar de olhos, tudo começou a sumir. Thiago sentiu um gosto de pano na boca. Foi aí que ele reconheceu: era o travesseiro da sua cama. É isso mesmo, tudo não passou de um sonho, um simples sonho de um jovem pertencente a um mundo violento.

Fazer o quê? A coisa tá tão preta, que nem nos sonhos a gente tem segurança...