segunda-feira, 30 de julho de 2007

O Prato Frio

Eram seis horas da tarde.

Na cozinha de sua casa, cantarolando, a mulher terminava de fazer o jantar.

Arroz, feijão, bife e batata frita especialmente para o seu marido.

Não via a hora de encontrá-lo e jantar com ele.

O tempo passou, e poro fim, a mulher terminara de cozinhar. Olhou no relógio na parede:

- Sete horas. Daqui a pouco ele chega.

Uma pequena pausa. Resolveu sentar no sofá e ver a novela da sete.

Olhou no relógio:

[19:15] [19:30] [19:45] [20:00] [20:15] [20:30]

- Nossa, que demora. Será que aconteceu alguma coisa?

Resolveu ligar no celular dele. O esposo atendeu, em meio a um barulho ensurdecedor. Disse onde estava.

- Como assim está no bar? – perguntou ela. – A janta tá pronta. Tô só esperando você pra jantar.

- Pode jantar sozinha. Depois eu vou.

- Você é um folgado isso sim... parece que não me ama, eu me sacrifico por você e é isso que eu recebo em troca? Blá blá blá... – e ficou se lamentando pelo descaso do marido, citando inclusive que assim que ele chegasse, eles iriam discutir a relação.

Como resposta, sou ouviu esta:

- Tu tu tu tu tu tu...

Tranqüilamente, o marido desligou. Foi bater uma sinuca, reencontrar os amigos, e tomar uma cervejinha bem gelada, e a melhor.

A mulher ficou no sofá, chateada. Resolveu ir jantar sozinha.

Horas depois, meio bêbado, o marido chegou em casa. A mulher já tinha ido dormir.

Foi até a cozinha. As panelas estavam geladas. Resolveu ligar o fogão. Nada. Olhou em volta. Onde estava o botijão de gás? Acordou a mulher para saber.

- O gás acabou. – disse ela. – Você ficou com preguiça de comprar, agora só amanhã.

E resmungando, o marido foi até o fogão, fez um prato com arroz, feijão, bife e batatas quase gelados.

O gosto, simplesmente, estava horrível.

E então, obediente à sua fome, o marido teve de engolir a comida fria, e a seco: também não havia suco ou refrigerante. Haviam acabado.

Enquanto isso, a mulher era só risadas. Naquela noite, dormira como um anjo... Nunca havia jantado tão bem, e ainda sozinha.

E resmungando, o marido sentou no sofá com o prato frio, com raiva de ter chegado tão tarde.

Mal sabia ele que o gás, o suco e o refrigerante estavam escondidos. E como ele estava meio bêbado, tão cedo não iria reencontrá-los.

Não teve jeito. Teve que agüentar, e se virar com o que tinha para comer.

Moral da história: a vingança é um prato que se come frio.


quinta-feira, 26 de julho de 2007

Em Linhas indicado ao Premio Blog 5 Estrelas


Já estava devendo já um certo tempo esta postagem para falar deste premio.

Era num sábado á tarde, quando havia acabado de chegar do trabalho e passando mal por causa de uma gripe forte, acessei o meu blog e abri os comentários da postagem Delírio nº1 e la havia escrito "Parabéns pela indicação ao Premio Blog 5 Estrelas"

Hein???

Como assim???

Fucei pelos blogs inclusive o Nada pra mim , o organizador, para saber mais sobre este premio.

Confesso até que melhorei na hora(rs)...

Eis aqui o regulamento:


Regras do prêmio blog 5 estrelas

1. Podem participar na votação todos os bloggers que mantenham blogs ativos há mais de um mês [os outros esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].

2. Cada blogger deverá referenciar cinco nomes de blogs. A cada menção corresponde um 1 voto.

3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá publicar as suas menções no seu blog [da forma que melhor desejar], enviando-as posteriormente para o seguinte e-mail: elzinhalinda@gmail.com. No e-mail, além da sua escolha, deverão indicar o link para o post onde postaram as nomeações. A data limite para a publicação e envio das votações é dia: 27/08/2007.

4. De forma a reduzir alguns constrangimentos [e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias, também são considerados votos nulos:- Os votos dos blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s) em que participa(m);- Os votos no blog Nada pra mim.

5. Cada blog que for indicado ou indicar, deve conter de onde veio a origem do concurso, ou seja deverão manter um link para este blog afim de que outras pessoas possam conhecer a idealizadora da idéia.

No dia 31.8.2007 serão anunciados os vencedores.


Agora, os meus indicados.


De coração, agradeço a todos que indicaram este jovem blog ao prêmio, e isso, com certeza, será mais um incentivo para torná-lo cada vez melhor.

Vlw!!!!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Pergunta Importante

- Mãe?

- Hum?

- Posso te fazer uma pergunta?

A mulher que estava deitada no sofá lendo uma revista, respondeu ao garoto sem olhá-lo.

- Claro filho. Manda.

Ele respirou fundo. A pergunta era importante.

- De onde vêm os bebês?

A mãe tirou um pulo do sofá, largando a revista do chão.

- Tudo bem, mãe?

- Eh... claro querido. É que você me pegou de surpresa com essa pergunta.

- Por quê?

- Eh... bem...

Saia justa. Como é que ela iria explicar essas coisas?

- Anda mãe! De onde vêm os bebês?

- Eh... filhinho, espera só um pouco que a mamãe já volta, tá?

E saiu correndo para o seu quarto. Foi pedir ajuda ao marido. Como dizer pra ele o que era...
- Ah mulher, deixa de frescura! Ele já tem sete anos! Hoje em dia tem criança até mais nova do que ele que já sabe o que é.

- Mesmo assim querido. Aquele olhinho dele, tão puro, tão inocente... Dá até dó. Eu não sei como explicar.

- Deixa comigo. Eu sou um homem moderno. Eu sei explicar como é que a parada funciona. Ele até vai se sentir mais à vontade conversando isso comigo do que com você. Calma aí...

E foi até a sala, mulher atrás. Chegando lá, falou com o garoto.

- Você quer saber de onde vêm os bebes, não é?

- Quero! – respondeu o garoto, muito curioso.

- Pois eu vou te contar tudo, tim-tim-por-tim-tim. Querida, deixe-nos a sós. Isso é conversa entre homens.

- Boa sorte. – respondeu ela, fechando a porta.

E foi para a cozinha, ansiosa.

Minutos depois:

- E aí, como ele reagiu? – perguntou ela, curiosa e ao mesmo tempo aflita.

- Bem... eu comecei a contar e... daí eu olhei para a carinha dele... Tão novo... tão inocente... Já tendo que saber dessas coisas... Eu não tive coragem. Contei a história da cegonha. Acho que ele acreditou. É melhor esperar mais alguns anos. Até lá a gente evita qualquer coisa que mostre ou leve ao assunto.

- Então tá... pra quem se dizia moderno...

- Eu sou moderno, mas responsável. E ponto final nesse assunto.

- É, ponto final.

Respiraram aliviados. O menino já estava se arrumando para ir à escola que ficava em frente à casa. Despediu-se dos pais e saiu, satisfeito com o que havia descoberto:

“Os bebês são trazidos pela cegonha! Pela cegonha! Puxa... agora eu me sinto um homem de verdade!”

Horas depois, o garoto chegou em casa. Pai e mãe estavam sentados no sofá da sala assistindo TV. Sem perder tempo, o menino puxou o pai pelo braço, arrastando-o até seu quarto.

- O que foi filho? Aconteceu alguma coisa? Você está sério.

A mãe, que ao ver a cena ficara preocupada, resolveu seguí-los, ficando escondida atrás da porta e espiando pelo buraco da fechadura.

- O que aconteceu rapaz? Fizeram alguma coisa com você lá na escola?

- Nada. É que eu queria te contar uma coisa...

A mãe ajeitou os cabelos, tensa. O que será que havia acontecido com ele?

- O senhor é muito inocente pai! Fala sério!

- Inocente? – espantou-se o pai. – Inocente por quê?

- Ora, o senhor acredita que bebê vem de cegonha. Pô pai deixa disso. Os meus colegas da escola me contaram tudo.

- Contaram? – espantou-se o pai, temendo o que iria ouvir.

- Sabe como é, né pai? O senhor e a mamãe já fizeram...

Sim, ele já sabia de tudo.

- Bem filho, agora que você já sabe, não fique comentando por aí. É chato, beleza?

- Beleza. Pode deixar. Quem diria... Por isso que eu ouvia aqueles barulhos estranhos de madrugada...

- Eh... filho...

- Por isso que quando eu queria ver o canal 13 de madrugada você não deixava...

- Bem...

- Por isso que a mamãe vivia falando que “hoje à noite o pau vai comer”...

- Eh... filho...

- Por isso que às vezes eu ouvia você falando “me dá, me dá logo, eu preciso lamber isso agora!”

- Meu Deus... – espantou-se o pai, constrangido.

Do outro lado da porta, a mãe pôs a mão na boca, constrangida. E lá no quarto, sem saber o que fazer, o pai só escutava, vermelho, mal conseguindo olhar para o garoto. Mas ele tinha que dizer alguma coisa, afinal, apesar de tudo, isso era uma coisa normal.

- Bem filho, ainda bem que você não ficou assustado. Agora que você sabe, me diga, o que achou na hora quando soube?

- Eu adorei pai! Puxa, quando é que eu ia imaginar que de madrugada, o senhor e a mãe iam pra cozinha, faziam uma massa com aquele pau de macarrão, e daí a mamãe comia e aí ficava grávida! Essa receita, pelo que eu entendi, ela aprendeu num programa que passa de madrugada no canal 13, e quando ela fazia ficava tão boa que o senhor vivia pedindo “me da, me dá, eu preciso lamber isso agora!”. Igualzinho ao que faço quando quero lamber a tigela do bolo. Essa receita deve ser mesmo boa hein papai! Pena que não dá bebê toda vez, só de vez em quando...

Receita? Ao ouvir isso, o pai abriu um sorriso. Ele ainda não sabia! Com certeza os colegas que também eram da mesma idade que ele tinham inventado ou ouvido essa história de seus pais. O garoto continuava sem saber! A mãe, após ouvir a história do garoto, também pulou de alegria e voltou para a sala aliviada.

- Pai, agora eu sou um homem de verdade, não é?

- Sim filho, mais até do que eu... mais até do que eu...

E após ouvir isso, o garoto encheu o peito de ar, ficou de pé, e saiu do quarto sentindo-se um homem mais maduro e mais experiente.

sábado, 21 de julho de 2007

E o Sono Não Vinha


O relógio já marcava duas e meia da madrugada. Igor estava deitado na cama, descoberto. O sono não vinha de jeito nenhum. Tremia as pernas, fechava os olhos, mexia as mãos, virava para um lado, virava para outro, tirava a camisa, colocava de novo, tirava a bermuda, colocava de novo... e o sono não vinha.

Ficou de pé, resolveu pegar um livro – o mais chato que tivesse - , foi até a uma estante, fuçou, fuçou, até encontrar o que considerava o pior deles. Voltou para a cama e começou a lê-lo. O livro era realmente insuportável, maçante mesmo. Daí ele foi lendo, lendo, lendo... e o sono não vinha.

Ficou novamente de pé, jogou o livro pela janela, foi até a cozinha, pegou um copo d’água e tacou quatro colheres (de sopa) de açúcar. Engoliu o copo e voltou para a cama. Dessa vez ficou de barriga para cima, olhando para o teto. E ficou olhando, olhando, olhando... e o sono não vinha.

Já irritado, ficou de pé novamente, foi até a sala, pegou uma fita de vídeo antiga e botou-a para assistir. Era um filme bem monótono, daqueles em que você já boceja nos dez primeiros minutos. Sentou no sofá e ficou quieto. Resolveu deitar. Ele já conhecia o filme, porém até os vinte minutos primeiros minutos. No resto ele havia dormido feito uma pedra.

E ficou lá assistindo, assistindo, assistindo, assistindo... e o sono não vinha. Caramba, o que será que estava acontecendo para tanta falta de sono? Por que não conseguia dormir? Ele havia feito tudo o que um adolescente normal de dezoito anos costumava fazer: foi à escola, depois foi jogar bola com os amigos, depois veio para casa estudar para o vestibular, e só. Isso tudo já era o suficiente para boas noites de sono, mas não adiantava: o sono não vinha.

Foi então que, cansado de correr atrás do sono, Igor ficou de pé, desligou a TV e o vídeo, foi se arrumar e resolveu sair para a balada. Foi para a rua que já estava bem deserta, chegou num ponto de ônibus naquela hora, mas o bom era que estava vazio.

De repente, uma linda garota subiu lá dentro. Ela passou a catraca e ao ver Igor sorriu. Ele retribuiu com o mesmo gesto. Ela sentou ao lado dele, ajeitou os lindos cabelos ruivos e se apresentou. Chamava-se Ana. Eles conversaram bastante, e um forte clima foi se armando entre eles. Meia hora depois, ambos já saiam do ônibus aos beijos. Iriam para a casa dela. Não tinha ninguém. Igor estava mais do que animado. Agora é que o sono não ia vir mesmo. Entraram e já foram direto para o quarto dela. Se despiram, Ana começou a beijá-lo freneticamente. Igor já começou a delirar. Dane-se o sono. Agora é que ele iria ficar acordado mesmo.

Porém, o que era para ser a hora H começou a se desfragmentar progressivamente. Ana começou a sumir, o quarto dela começou a sumir, Igor começou a sumir diante dos próprios olhos. No lugar apareceu o seu quarto, com suas coisas, com sua cama, e com o seu corpo vestido e deitado nela. Tudo não havia passado de um sonho. Tudo desde o começo. Até Ana e os seus beijos frenéticos... ahh...

E então, Igor recolocando seus neurônios no lugar, olhou em volta do quarto e soltou, desapontado:

- Droga. Tava bom demais pra ser verdade...

Pensara em até em levantar e tomar um copo de leite, mas depois dessa, era melhor voltar a dormir. Quem sabe, Ana voltaria a rechear os seus sonhos, e continuar de onde pararam...

Pois é, e no fim das contas, o sono veio.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Delírio Nº 1



Compre! Gaste! Pague! Use! Estude! Escute! Respeite! Lute! Lembre! Esqueça! Obedeça!

Não faça! Não siga! Não dê! Não olhe! Não enrole! Não escolha! Não demore! Não gaste! Não vista! Não peque! Não brigue! Não encoste! Não assiste! Não coma! Não esqueça! Não se acomode! Não pode!

Não PODE!

NÃO POOOODE!

Pague as contas! Fale direito! Entregue os relatórios! Trate com respeito! Não maltrate os animais! Coma direito! Beije direito! Faça direito! Direito!

Você tem que pagar! Você tem que ser rico! Você tem que se formar ! Você tem que ser pai de família! Você não tem que xingar! Você não tem que gritar ! Você não tem que responder! Você não tem que perguntar!

NÃO PAGO!

NÃO SOU RICO!

NÃO ME FORMO!

EU GRITO!

NÃO RESPONDO!

NÃO PERGUNTO!

ME FODO!

ME SURTO!

ME CURVO!

ME DESTRUO!

ME EXCLUO!

ME EVACUO!

CUO!

CUUO!

NERVOS ESTAO FICANDO NERVOSOS.

E O SANGUE QUE PERCORRE A SUA CARNE PRENSADA NOS MOLDES DA SOCIEDADE ESTA TãO REBELDE QUANTO UM ADOLESCENTE E ESTÀ LOUCO PARA TER UM ORGASMO DE LIBERDADE!

MAS AO MESMO TEMPO SEU FREIO TAO FROUXO QUANTO DE UM ONIBUS VELHO NO MEIO DA MARGINAL PINHEIROS PEDE QUE ELE FREIE CADA VEZ MAIS DEPRESSA PARA NÃO BATER NUM POSTE E TER A SUA CARNE DECEPADA TANTO PELOS DESTROÇOS QUANTO PELAS NOTICIAS DE JORNAL!

ENQUANTO ISSO PESSOAS INDECENTES ESTAO INDIFERENTES E NA INOCENCIA DA MINHA DEMENCIA EU PEÇO CLEMENCIA PARA QUE MINHA PENDENCIA SEJA COINCIDENCIA DE UMA DEMENCIA DA VIVENCIA DESSA SOCIEDADE EM DECADENCIA!

CALE A BOCA!

FECHE A MATRACA!

VA PARA A TUA CASA!

FECHE-SE NO TEU CASULO!

RESTRINJA-SE AO TEU MUNDO!

SEU PAPEL É NOS DAR DINHEIRO!

GANHAR DINHEIRO!

COMER DINHEIRO!

BEBER DINHEIRO!

CASAR COM DINHEIRO!

SER DINHEIRO!

VENDER DINHEIRO!

PAGAR POR DINHEIRO!

AJUDAR COM DINHEIRO!

$$$$$$$$

DERAM PORRADAS NOS PILARES DA SUA ALMA!

DA SUA MENTE!

DO SEU CORPO!

RACHADURAS!

OS PILARES DA SUA ALMA ESTAO DESABANDO!

CAEM-SE SEUS QUADROS!

SEUS NEURONIOS!

SEUS HORMONIOS!

SEUS CABELOS!

SEU SACO!

SEU PASSO!

SEU SOSSEGO!

E A VELOCIDADE DAS INFORMAÇOES TE ARRASTAM PELO ASFALTO IMUNDO E NÃO RESPEITAM O TEU EGO MORIMBUNDO SEDENTE DE UM MUNDO DE CONQUISTAS, DE BONDADE, E DE FELICIDADE

VÁ FAÇA VÁ FAÇA NÃO FAÇA FAÇA NÃO FAÇA FAÇA VAI LOGO VAI LOGO

FAÇA NÃO FAÇA CUMPRA CUMPRA A META A META A META A META A META VAI
LOGO

NÃO PARE PARE!

PARE PARE PARE PARE

PARE PARE PARE PARE

PAAAAAAAAAAARE!!!!!!

OFF

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

domingo, 15 de julho de 2007

60/2000

Clique na foto para ampliá-la.


Espero não parecer um velho nostálgico e ranzinza.

Vivemos na década de 2000, a primeira década do III milênio, a década da alta tecnologia.

Hoje temos computadores que cabem na mão, ouvimos música no celular, filmamos e tiramos fotos com mega máquinas digitais. Temos MP3 player e não precisamos mais comprar mais um CD para ouvi-lo inteiro ou só por causa de uma só musica que se gosta: pode-se baixá-la pela internet.

Literalmente, nós vivemos quase uma vida a lá “Os Jetsons” (lembra desse desenho?)

Agora, engraçado que as pessoas, especialmente jovens como eu, andam vivendo uma espécie de saudade de décadas anteriores, algumas das quais até sequer viveram. Há vários blogs onde já se falou nas pérolas dos anos 60 até 90 (e muito bem postados), comunidades no Orkut como “Queria ser jovem na década de 60”, ou “Vivo na década errada”, ou “Ídolos anos 60/70/80/90” e por aí vai. E são comunidades lotadas, principalmente de quem não viveu ou pegou muito pouco estes anos.

Eu confesso que adoraria viver cada uma dessas décadas, nem que fosse apenas por um dia, e ver ao vivo e a cores, idolos como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Beatles, Elis Regina, Raul Seixas, Cazuza, etc.

Ou então, rever desenhos que marcaram época como He-Man, A Pedra dos Sonhos, Inspetor Bugiganga, ou programas como Topa Tudo Por Dinheiro, Programa Livre, e por aí vai...

Ou voltar a jogar jogos do Master System como Sonic ou Mortal Kombat, ouvir aquele LP clássico do Elvis em um aparelho de som enorme com revestimento de madeira, ou então viver com a cara no céu olhando meu Pirocóptero voando e indo parar no telhado do vizinho?

Mas, engraçado que, quando se fala dos dias de hoje, pouco se recorda, pouco se estima.

Afinal, o que se perdeu? Será que faltam ídolos? Novidades? Pessoas diferentes? Seríamos mesmo, como eu já li numa revista estilo “Veja” , que somos uma “Geração Entediada”?

Não sei o que aconteceu, mas a verdade é que o ser humano sempre vai, em todas as décadas, quando mais velho ficar, vangloriar os ídolos do passado e subestimar os do presente.

“Não se fazem mais moças como antigamente.”
“Não se fazem coisas duráveis como antigamente.”
“Não se faz mais música como antigamente.”
“Não se faz mais televisão como antigamente”.


Agora eu me pergunto: é saudável sentir falta de épocas em que não vivi?

Eu mesmo não sei responder. Só sei que simplesmente, é maravilhoso sonhar com esses anos.

Às vezes me bate um estranho sentimento de estar deixando viver o meu presente preso somente às coisas do passado. Será que os nossos filhos irão idolatrar algo de nossa época? Ou será que também vão idolatrar os mesmos idolos que nós? Poderemos um dia, assim como nossos pais e avós, contar, "Olha, eu o vi de perto, eu ouvia muito isso, eu assisti muito aquilo..."?

Porém, quem disse que a década de 2000 também não tem os seus ícones?

Temos o Orkut, onde encontramos velhos amigos e nao deixamos de perder contato com aqueles que estudaram com a gente, por exemplo.

Temos o conforto do celular, podendo ouvir música e tirar fotos com ele, inclusive;

Temos o Youtube e outros sites de videos, onde nós podemos conhecer e rever pérolas do passado;

Temos Ana Carolina, Pitty, Snow Patrol, Franz Ferdinand, Evanescence (e o lindo vocal da Amy Lee), e até mesmo, ainda na ativa, os Rolling Stones, Pearl Jam, Bob Dylan entre outros. E até atrações interessantes como "O Aprendiz", Lost, Altas Horas, e filmes que eu considero excelentes como a trilogia "O Senhor dos Anéis" ou "Olga".

É por isso que eu sou da seguinte opinião, vanglorie o passado, mas faça o seu presente por merecer, até porque amanhã ele também será passado.

Mas é claro que, culturalmente, a década de 2000 anda meio que deixando a desejar. Só nos resta torcer e procurar por referências, e se puder, nós mesmos fazermos a NOSSA década, a NOSSA voz e a NOSSA história.

"Se somos escravos do ontem, somos donos de nosso amanhã.
(Carlos Torres Pastorino)

E é claro, ontem, hoje e sempre, recordar é viver.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Conselhos Perdidos


Creio que este é o primeiro texto propriamente subjetivo que eu publico neste blog.

Um texto que deixa um pouco de lado os problemas externos da sociedade como um todo e entra propriamente no meu universo interior.

Na verdade o “eu” será apenas uma bebida acompanhante. Vamos então, ao prato principal.

Comecei a escrever propriamente com a cabeça de um escritor aos 13 anos e inicialmente na forma de poemas descarregando as minhas revoltas de adolescente. Naquela época eu era um garoto muito tímido, e me achava quase que um extraterrestre entre as pessoas.

Tecnicamente, os meus textos eram cheios de erros gramaticais, caligrafia de médico (e isso, infelizmente, permanece até hoje), e falta de estruturação.

Sobrava pureza de sentimentos, imaturidade, e uma sinceridade de um garoto que só queria crescer, ter amigos e entender o mundo à sua volta.

Conheço muita gente que escreve, e uma certa parcela já me contara que não gostava de seus primeiros textos já que eram cheios de trocentos defeitos, e simplesmente, os jogavam fora sem dó nem piedade.

Eu também já pensei em fazer o mesmo, até porque eu não tenho mais a cabeça que tinha com 13 anos de idade. Fora que, quando você lê, te dá até um certo constrangimento, e muita vezes até vontade de dar risada em alguns absurdos que você mesmo escreveu.

É aí que a vida me mostra a verdade.

Lendo aqueles textos, lembrei-me de pessoas e coisas legais que não fazia há tempos.

Lendo aqueles textos percebi o quanto evolui como pessoa e profissional, e também o quanto ainda preciso evoluir.

Mas, o que realmente me deixou estático foi uma situação que aconteceu comigo na semana passada:

Certo dia houve uma mudança brusca no meu trabalho. Não gostei, e nada do que me disseram me aliviou.

Foi então que à noite, antes de dormir, resolvi como quem não queria nada fuçar em um destes textos antigos, datados de 1999. E em um deles estava escrito, resumidamente:

“Quando há uma mudança em sua vida, não pense no seu lado ruim, pois ela não é a passagem para a pior, e sim a passagem para novos caminhos, e principalmente, para novos aprendizados.”

E eu mesmo havia escrito aquilo, com apenas 13 anos, sem imaginar que num certo dia, quase oito anos depois, era exatamente o que eu estava precisando ouvir.

É por isso que eu digo, não subestime demais o que você foi e nem o que você escreveu, porque há momentos em que a vida nos prega peças, e algumas vezes, o conselho está dentro de nós mesmos, perdidos talvez nas areias da memória, perdidos talvez na criança que fomos, ou perdidos talvez no adolescente que “não” conseguimos ser.

Pense nisso.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O Tapa na Cara


Há momentos em que a vida nos dá um tapa na cara.

Há castelos onde, pacientemente, carta por carta, nós construímos com sofrimento.

Quantas vezes, do nada, alguém veio e, de maldade ou acidentalmente, enfiou o braço, transformando o seu feito em farelos no chão?

É duro quando nós construímos algo e de repente, num segundo, algo o destrói. Dá um aperto na garganta, uma vontade de chorar e ao mesmo tempo de esmurrar as paredes.

Vem a tristeza, o desanimo.Questionamentos. “E se eu tivesse feito isso. E se eu tivesse feito aquilo...”

A gente pensa como seria se tivesse o terminado.

Pensa porque a vida fizera isso com você.

Teme as conseqüências.

Sofre as conseqüências.

Não tem jeito, é necessário recomeçar.

Pegar o rancor, as mágoas, as suas lágrimas, jogá-las na lata do lixo, lavar as mãos, e botar a mão
na massa.

Ainda sim, dá medo, afinal, quem garante que quando você estiver no estágio final de sua conquista, o tapa não possa de novo acontecer?

Acontecer realmente pode, porém, se você deixar, é porque ainda não aprendeu a lição.

Mas relaxe, a vida é como uma escola: é cheia de provas.

A diferença é que na prova da vida você pode colar de outro, mas inevitavelmente, você terá que escrever com as suas próprias palavras.

Pense nisso.


“De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando
A certeza de que precisamos continuar
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.
Portanto, devemos fazer:
Da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo, uma escada
Da procura, um encontro."
(Fernando Pessoa)

sábado, 7 de julho de 2007

Tá Estressado?


“Tá Estressado?”

Quem nunca ouviu essa pergunta?

Stress já é nossa companheira tão presente às vezes até mais do que nossos próprios amigos.

Vive-se sobre pressão, cobranças, responsabilidades e metas;

Vive-se sob dívidas, compras do mês, gastos com transporte e contas de consumo;

Vive-se sob o medo da violência, o caos, o trânsito (São Paulo que o diga) e falta de tempo.

E vive-se sob a rotina, sob o barulho e sob a bagunça (geralmente dos outros).

Mas, pelo menos pra mim, não há coisa mais estressante do que gente folgada ou até mesmo estressada.

Imagine então viver com tudo isso nas costas, todos os dias?

É preciso manter a calma, relevar alguns aborrecimentos menos importantes, porque no fim é você mesmo quem acaba se prejudicando e detonando a saúde. E geralmente, o causador não está nem aí, ou seja, só você se aborrece e estraga o seu estômago.

Sejamos realistas, tem hora que não dá pra se conter: você acaba explodindo, seja onde for, mas acaba. Só tome cuidado porque o ódio é uma metralhadora descontrolada que pode ferir quem a gente menos espera, e principalmente, mais ama. Aí já é tarde...

Agora, cá entre nós, você tá cansado, ouviu desaforo de patrão e/ou de clientes o dia todo, você perde o seu ônibus, pega chuva, daí chega um cidadão e pergunta com aquele ar de deboche “Tá estressado, é?” Qual resposta você solta?

“Você ainda não me viu estressado...”

Sinceramente, no fundo no fundo, essa pergunta é a coisa mais estressante de se ouvir de uma pessoa, e muitas vezes, é a partir desta pergunta é que você realmente fica estressado.

Mas fique tranqüilo(a), porque quem te encheu o saco com essa pergunta, também irá ter os seus dias de nuvem carregada, e você, como um bom amigo que cultiva a serenidade das pessoas, vai perguntar com um lindo sorriso na voz:

“Tá estressado, é?”

Pois é, nesses casos, a vingança é como comer muito chocolate: você sabe que faz mal, mas não abre mão de ter o gostinho... hehehehehehe!!!!!!!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Nosso Parque


Nós podemos nos comparar a um parque:

Temos flores, grama e árvores frutíferas;

Temos também aranhas, cobras venenosas e lixo amontoado.

Há momentos em que o tempo está favorável, com sol batendo e nos embelezando, fazendo a vida andar.

Em outros, nuvens escuras usurpam o nosso espaço, escurecem tudo, e fazem jorrar uma maldita tempestade, que mata as nossas flores, derruba as nossas árvores, arrasa a nossa grama, e faz até nossos visitantes serem mortos por raios ou serem encharcados com barro e lixo.

É aí que os melhores parques se destacam.

Os que têm boa administração, se reconstituem, replantam árvores, remontam a grama, reconstroem tudo.

Já os que não tem uma administração sólida e eficiente, simplesmente, os deixa abandonados á própria sorte, aos ratos, ao lixo, e aos bêbados e aos drogados...

Cuide bem de seu parque, e se vier tempestade, pegue a água e use para regar as suas plantas.

Quanto aos raios, proteja-se com algum guarda-chuva.

E quanto ao barro, esse sim, você vai ter que ter paciência até chegar em casa e limpar... demora um pouco pra sair, mas com o tempo, ele endurece e sai... ficando apenas alguns leves vestígios.

É isso.

“O ouro é testado pelo fogo; os bravos, pela sua aflição.” (Sêneca)

domingo, 1 de julho de 2007

O Concurso de Atrizes


Era um programa de TV como outro qualquer.

O quadro a passar naquele momento era o Concurso de Atrizes. Nele, várias candidatas faziam uma cena no palco com os atores e atrizes famosos. Uns grupos de cinco jurados (três artistas e dois especialistas em Artes Cênicas) iriam avaliar os candidatos. A campeã ganharia um papel na próxima novela da emissora. Era o público quem ia decidir, ligando para um serviço tarifado.
Naquele dia havia duas finalistas: Andréia Sousa e Marina Bruneto.

Era a sensação do momento. Quando o quadro começou, a audiência do canal disparava dos demais. Era, simplesmente, a final.

Era a hora de Andréia começar. Interpretou a cena em que sua personagem flagrava uma traição e dizia poucas e boas para o namorado e para a amante, que fugia.

Fim.

Aplausos. Torcidas com faixas e camisetas. Parentes da moça estavam na platéia, eufóricos.

Hora dos jurados. O apresentador, o simpático e brincalhão Fausto Liberato deu a palavra a uma artista. Simpática, boazinha e sorridente, deu nota dez à interpretação da moça. Os outros dois artistas também seguiram a mesma linha: três notas dez.

Hora dos entendidos no assunto: Betty Luka e Nelson Castro.

Betty aprovou a expressão corporal da candidata. Elogiou o uso do espaço cênico e à utilização do tom de voz no momento certo, sem forçar. Nota dez.

Nelson, considerado o carrasco do júri, fez dele as palavras da colega jurada, porém ressaltou que ela poderia ter entrado mais na dor do personagem. Nota nove.

Aplausos. Agora, o apresentador anunciou a segunda finalista: Marina Bruneto. Fez-se a cena e o mesmo tema.

Hora dos jurados. Os artistas, sempre gentis, deram dez à moça. O público vibrou, já que Marina era a favorita pelo seu grande carisma, mais até que pelo talento.

Hora dos entendidos. Betty adorou a postura da moça, dando ênfase ao ódio que ela encarnou no momento em que falava com o namorado. Nota dez.

Já Nelson foi enfático. Não gostou da apresentação de Marina, dizendo que ela foi forçada demais. Começou a ser vaiado. O apresentador acalmou os ânimos. Betty pôs de ao microfone e discordou do jurado, dizendo que ele era perfeccionista demais, e que a moça estava forçada demais e que parecia aquelas atrizes fuleiras de novela mexicana. Marina, sem graça, riu, mas não quis falar. O ator que contracenou com ela a defendeu, dizendo que ela fez como mandava o figurino. O público o aplaudiu de pé. O apresentador quis encerrar o assunto pedindo que Nelson desse a nota. Nelson começou a falar, mas fora interrompido por vaias. Betty voltou a falar, dizendo que tecnicamente ela fora bem. Nelson se exaltou, dizendo que queria dar seu voto e mandando Betty ficar em silencio pois agora a palavra era dele. Ela não gostou, e respondeu que ele estava sendo mal educado. Pronto, discussão. Baixaria. Ambos começaram a exaltar as suas experiências em Artes Cênicas.

O apresentador interviu, fazendo uma piada coma cena e encerrando o assunto. Nelson votou nota oito, e ao ser vaiado, respondeu ao público com um estampado sorriso de satisfação.

Pronto. votações encerradas. Era a hora de anunciar a grande vencedora. O apresentador apareceu com um envelope lacrado, pronto para anunciar a vencedora.

Abriu o envelope. Era a hora de anunciar a vencedora...
Silêncio.

Expectativa.

Eis o resultado.

Total: Andréia Sousa – 9,4 Marina Barreto - 9,7

Comemorações. Marina, a grande favorita, era a campeã.

Agradecimentos aos artistas, aos jurados (Betty está séria e mal olha para Nelson. Este aplaude com cara de seguindo o protocolo), e ao público. Fim do programa.

Nas residências, comentários. A vitória fora justa? Manipulação? Andréia parecia ser a mais talentosa, porém, Marina era a mais carismática.

Mas o que se tornara o assunto mesmo daquele dia, era a cena entre Betty e Nelson.

Ele estava certo? Errado? Fora grosso demais com a colega jurada? Ela se exaltou demais com ele? O apresentador agir certo cortando o assunto? Marina realmente havia forçado?

Na internet, noticiários informavam sobre a vitória de Marina e a cena entre os jurados.

As comunidades relacionadas ao assunto no Orkut eram entupidas por postagens. Um tópico criado já ultrapassava cem postagens em menos de dez minutos.

No dia seguinte, os jornais nas bancas notíciavam a “briga dos jurados”. Nos ônibus, bares e praças, comentava-se sobre o assunto. Programas especializados em celebridades deram a notícia até a exaustão. Revistas de fofocas publicavam entrevistas de todos, ambos humildes e dizendo que não falariam sobre o assunto. Boatos então foram espalhados. Já diziam até que Nelson teria estapeado Betty nos corredores da emissora.
Realmente, o assunto dera muito pano para manga, e principalmente, muitas discussões, onde alguns extrapolavam o limite da civilidade e demonstravam as suas arrogâncias e as manias de quererem se impor como os donos da razão. Namorados pararam de se falar. Irmãos se estapearam. Alunos chegaram atrasados na escola pois estavam comentando, no meio do caminho, parado, sobre o assunto com os seus amigos. O mesmo aconteceu com alguns trabalhadores e até quem ia fazer entrevista de emprego.

Era considerado o assunto mais importante do dia, e talvez, da semana.

Dados Estatísticos

· O programa de Fausto Liberato estourou de audiência naquele dia;
· A internet lotou de acessos;
· Recorde de vendagem de jornais e revistas de fofoca;
· Recorde de audiência em vários programas de celebridades;
· Recorde de ligações para o programa e de faturamento em impostos pelas ligações feitas;
· Betty participou de vários eventos festivos, ganhando mais status e celebridades ao seu redor;
· Marina e Andréia posaram nuas na Playboy por cachês gordos;
· Nelson virou jurado fixo do programa, também por um alto e generoso cachê.

Betty e Nelson são ótimos amigos, tanto que, naquele dia, enquanto pessoas brigavam a favor de um ou de outro, eles comemoravam juntos, sem mágoas, num jantar especial com os amigos, pois a experiência em ser jurados no programa fora um sucesso.E mais felizes ainda, porque no dia seguinte, seus cachês já estavam disponíveis para saque no banco. Era bom demais para ser verdade...

Pois é, e viva a televisão e ao seu "ouro mais precioso":

VOCÊ!!!